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Revisitando Arlindo (2021) no Mês do Orgulho LGBTQIA

Um jovem adolescente vivendo os anos 2000 como um jovem adolescente tradicionalíssimo: estuda, mora com os pais, tem amigos, sofre bullying na escola, ajuda a mãe, conversa no MSN, pega celular emprestado por causa e, no meio disso tudo, entre “paixonites” ou “quedas” (quando crush ainda não era opção), vai descobrindo sua sexualidade. Por acaso, fora da heteronormatividade. 

As referências musicais e tecnológicas são um chamariz inquestionável para aqueles que foram jovens no mesmo período, é verdade, mas há outros fatores interessantes a serem ressaltados e olhados com mais atenção numa releitura.

A mudança da avó de Arlindo, por exemplo. A tia comenta que a avó não costumava ser tão aberta aos seus relacionamentos antigamente e, no tempo da obra, já a vemos acolhendo os diferentes relacionamentos da filha e até benzendo o neto dos comentários maldosos da vizinha.

Arlindo
Arlindo – Foto: Reprodução

A ousadia da mãe de Arlindo é outro evento impressionante. Ainda que dona Nalva já trabalhasse por conta, tendo uma fonte de renda na venda de quitutes, a decisão abrupta de deixar marido e a segurança da casa levando os filhos é uma demonstração de amor comovente de tão impensada. E uma fonte de amor tão potente praticamente justifica a coragem de Arlindo.

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Viver no armário não é fácil, não é indolor, mas ainda assim é a opção mais viável para qualquer jovem até que obtenha condições de sair como tem vontade. Antes disso, quando se está se descobrindo, no meio de todas as dúvidas e inseguranças, confrontar é a última das alternativas… e foi exatamente o que Arlindo fez. De peito aberto, indagou sobre a falta de amor do pai, falou do próprio amor e exigiu seu direito de existir da forma como é. Em um evento bonito e infelizmente raro, Arlindo cresceu em coragem nas condições ideais para confrontar o pai porque sabia do apoio e do amor dos amigos e da mãe. Nasceu ali um jovem adulto.

Há outros detalhes interessantes na obra, há outros quadrinhos esmerados sobre o tema, mas Arlindo (2021) continua uma alternativa graciosa para se ler de tempos em tempos, um abraço quentinho no Mês do Orgulho LGBTQI.

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Jaqueline Ribeiro
Jaqueline Ribeirohttps://www.diariocarioca.com/
Jaqueline Ribeiro é bacharela em Comunicação/Jornalismo pela UEMG-Frutal, interessada por tudo o que conta histórias, escreve sobre livros, filmes e discos

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