Os ataques misóginos dirigidos à Jacqueline Muniz são mais um exemplo de como o patriarcado resiste quando mulheres ocupam o espaço público com autoridade e pensamento crítico.
Jacqueline é antropóloga, gestora pública e professora da UFF, com trajetória consolidada na área de segurança pública, políticas policiais e estudos sobre violência, temas historicamente dominados por homens.
Sua presença firme nesse campo incomoda justamente porque desmonta a ideia de que o saber técnico e a autoridade discursiva pertencem naturalmente ao masculino.
O ódio que ela vem sofrendo nas redes sociais não é casual, é uma reação simbólica à quebra de hierarquias de gênero.
Quando uma mulher fala com clareza e domínio, os que não suportam a perda de privilégios respondem com violência verbal, difamação e tentativas de desmoralização.
É o velho mecanismo de silenciamento que tenta transformar inteligência em arrogância, crítica em histeria e firmeza em ameaça.
Mas o que está em jogo é mais profundo, Jacqueline Muniz representa o pensamento feminino qualificado, que não busca agradar, mas revelar estruturas de poder, desigualdade e medo.
Ao fazê-lo, confronta não apenas o machismo individual, mas também o machismo institucional que permeia a política, a mídia e as forças de segurança.
A violência simbólica dirigida a ela mostra que, mesmo no século XXI, ainda há homens incapazes de lidar com mulheres que os superam em preparo, conhecimento e coragem.
E é justamente por isso que figuras como Jacqueline Muniz são essenciais, porque tornam visível a contradição de uma sociedade que diz valorizar mérito e competência, mas que tenta calar quem as encarna em um corpo de mulher.
O incômodo que ela provoca é, no fundo, o sinal mais claro de sua importância.



