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The last of us: aquele pós-apocalipse que a gente gosta

A aclamada série baseada no jogo volta para sua segunda temporada com uma missão: manter o sucesso. Com um agravante: sequer o jogo o manteve – as críticas sobre a continuação são pesadas. Mídias diferentes, experiências diferentes, expectativas diferentes? Mais ou menos.

Não há uma ordem certa para se consumir algo. Pode-se ler o livro/quadrinho/mangá primeiro e depois assistir ao filme/série/novela/anime ou vice e versa. Cá entre nós, sequer deveria ser absolutamente necessário consumir tudo, mas a urgência em se dominar uma obra, ter a opinião definitiva, é frequentemente maior que o prazer em acompanhar uma boa história como é o caso de The last of us (2023).

Na série, rapidamente, um dia normal se torna uma corrida desenfreada. Uma vizinha quase inválida se transforma em um zumbi ágil e carniceiro, é preciso fugir e a vida estável, bem, que vida? Logo Joel (Pedro Pascal) perdeu sua filha e o resto era só o resto mesmo. A partir daí, entende-se que ele passou os próximos anos executando qualquer trabalho que pagasse bem, além de outros serviços escusos de mercenário. Ainda que sem demonstrações de afeto, era companheiro de Tess (Anna Torv) e procurava pelo irmão. É indo em busca do irmão que acaba tendo de carregar consigo uma garota, primeiro em troca de materiais necessários, depois como promessa à Tess até, por fim, estabelecer com Ellie (Bella Ramsey) uma amizade convertida em amor filial. Um amor filial que permitiu o impossível, o que ninguém tinha conseguido ainda em 20 anos: que pudesse superar a morte da filha. 

Bem construído, boas atuações, histórias paralelas emocionantes, tudo isso foi apontado, mas não dirimia uma crítica frequente em comparação ao jogo que dizia respeito à velocidade dos acontecimentos muito rápida. Como comparar, no entanto, a experiência passiva do espectador com a experiência ativa do jogador? Não se trata daquele especial de Black Mirror, no fim das contas. E a série precisa estar aberta a abraçar um público amplo, inclusive quem não jogou. O resultado foi o que vimos. 

Mas há ainda outro fator a ser considerado. O cenário pós-apocalíptico oferece a desculpa perfeita para quase qualquer coisa. Afinal, qual é o normal depois de perderem tanto, passarem por muita coisa, mal podendo dormir, alertas diante do desconhecido cheio de inimigos e ameaças? Num cenário assim, qualquer pessoa que lute ao seu lado por mais de um episódio é um potencial aliado, um amigo, uma filha que você ama e a quem você está disposto até a enganar para ver a salvo.
The Last of Us II agora enfrenta um desafio de outra natureza. A primeira temporada foi lançada em 2023, quando ainda estávamos recém-saídos de uma pandemia. Em 2025, a realidade é outra. Definitivamente, o sucesso da série não se deveu a isso, mas o reconhecimento da atmosfera transformada subitamente por algo desconhecido existiu. Funcionará de novo? Sustentará a empatia pelos personagens apesar de suas escolhas? O que sabemos de antemão é que, depois do fim do mundo, o que existe é o apego. Antes do fim do mundo, só há ansiedade pela próxima temporada (estreia no dia 13 de abril na HBO/Max).

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Jaqueline Ribeiro
Jaqueline Ribeirohttps://www.diariocarioca.com/
Jaqueline Ribeiro é bacharela em Comunicação/Jornalismo pela UEMG-Frutal, interessada por tudo o que conta histórias, escreve sobre livros, filmes e discos

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