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Todos prontos para quando o carnaval chegar

Com a proximidade de fevereiro, tudo entra num ritmo eletrizante, uma corrida para deixar tudo pronto e os bloquinhos que aquecem o corpo para a festa não deixam dúvida: está chegando o Carnaval. Quem vai aguardar o carnaval em casa e quiser algo para além dos desfiles na TV pode conferir Quando o carnaval chegar (1972).

Dirigido por Cacá Diegues, o filme acompanha uma trupe de músicos vividos por Chico Buarque, Maria Bethânia e Nara Leão e seu empresário Lourival (Hugo Carvana) nos preparativos de um evento importante para o qual foram contratados, a festa do rei. Porém, interesses comerciais e românticos testam a união do grupo e colocam em risco a empreitada.

O ator Hugo Carvana em cena de Quando o carnaval chegar (1972)
O ator Hugo Carvana em cena de Quando o carnaval chegar (1972)

A começar pelo título, o filme é recheado por músicas do Chico Buarque (entre outros artistas) que embalam momentos alegres ou mais intimistas, todos sem exceção resultando em solos encantadores. Quem só conhece de ouvido a história do início da carreira de Bethânia, quando substituiu Nara na peça, neste filme pode experienciar a potência das duas estrelas juntas. 

Entre os interesses românticos citados que interferem na história, aquele relacionado a Paulo (Chico Buarque) é o mais relevante. Além de provocar ciúmes em Mimi (Nara Leão), Virgínia faz intrigas propositalmente para que a trupe não participe do evento, ao mesmo tempo que deseja uma oportunidade, e isto acaba por gerar uma crise em que cada membro segue seu caminho. 

Diferente da francesa encantada pela cuíca de Antônio Pitanga, a personagem de Ana Maria Magalhães tem uma construção que sugere uma postura duvidosa, inclusive com cenas gravadas nas sombras. Dada essa diferença, seus rumos também são totalmente diferentes: enquanto a francesa vivida por Elke Maravilha desaparece, a escolhida de Paulo é adotada pela trupe. 

É interessante ver a evolução especialmente do personagem de Antônio Pitanga, Charles/Cuíca: começa motorista, pretenso cantor, mas sem oportunidade ou receptividade dos colegas e empresário. Depois que recebe a proposta de cantar com seu grupo, já assume uma atitude espalhafatosa, senta confortavelmente enquanto o empresário assume a direção do ônibus da trupe. Há outros detalhes divertidos como a pequena participação de Odete Lara e Maria Bethânia pilotando sua Honey Baby, outra história que a cantora costuma contar.

Em resumo, o filme é uma despretensiosa aventura tocada por Cacá Diegues, Chico Buarque e Hugo Carvana, cujo personagem conversa vez ou outra com a audiência e heroicamente tenta equilibrar todos os interesses. Em vão. Afinal, como é carnaval e tudo é possível, homem pode ser mulher*, branco pode ser negro*, adulto pode ser criança, pelo menos nesta época, qualquer pessoa pode tentar ser artista e, claro, artistas podem decidir fazer apenas o que quiserem. 

*As discussões sobre a problemática desse tipo de representação só vieram ganhar destaque nas décadas seguintes.

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Jaqueline Ribeiro
Jaqueline Ribeirohttps://www.diariocarioca.com/
Jaqueline Ribeiro é bacharela em Comunicação/Jornalismo pela UEMG-Frutal, interessada por tudo o que conta histórias, escreve sobre livros, filmes e discos

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