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Um mergulho no vesso e avesso da pele

Você nasceu negro em uma família de negros, seu pai abandonou sua família quando você ainda era criança, sua juventude teve toda a problemática inerente aos jovens e mais algumas tantas que dizem respeito à descoberta da sua cor – e isso vai pesar em tudo na sua vida, inclusive, nas relações amorosas que te darão um filho.

“O avesso da pele” poderia ser um exercício de vivência, se imaginar no lugar da maioria da população brasileira, como esse que propus, mas não é. Apesar da ordem direta, atendendo uma necessidade pessoal, é para o pai que o narrador conta a história dos pais, para Henrique Nunes, um professor de escola pública que insiste em viver, mesmo que aos trancos e barrancos e apesar do sistema, assim como toda pessoa cuja cor da pele destoe da escala “gente de bem”.

Encontro de Lula com o escritor Jeferson Tenório, que o presenteou com o livro “O Avesso da Pele”, vencedor do Prêmio Jabuti de literatura em 2021
Encontro de Lula com o escritor Jeferson Tenório, que o presenteou com o livro “O Avesso da Pele”, vencedor do Prêmio Jabuti de literatura em 2021

O livro é definitivamente uma visão masculina sobre viver sob o racismo, o que já é muito contundente por si só, desde os inúmeros casos de abordagem policial até o racismo recreativo ou não, pontual e implícito, mas não se limita a isso e cresce ao ampliar o olhar. Quando ouve as mulheres, a forma como o racismo atinge as pessoas de maneiras diferentes por seus tons diferentes ou gênero, o romance atinge seu ponto mais alto e relembra de forma honesta como é a atualidade.
Assim como uma vida negra não pode ser resumida ao racismo, Henrique e sua história também não podem e não são. O avesso da pele aborda outros temas como o câncer de mama de Elisa, o ensino público e chega até a humanizar um policial para o desfecho do professor. E em se tratando do ensino público, as cenas na escola são perfeitamente realistas e lembram até os melhores filmes do gênero, especialmente as partes de conflitos antes-de-dar-certo. Vai ver o ensino público brasileiro é isso, um longo filme que ainda não chegou ao fim. Já a vida de Henrique lembra mais a vida de Macabéa e sua Hora da estrela. Até quando?

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Jaqueline Ribeiro
Jaqueline Ribeirohttps://www.diariocarioca.com/
Jaqueline Ribeiro é bacharela em Comunicação/Jornalismo pela UEMG-Frutal, interessada por tudo o que conta histórias, escreve sobre livros, filmes e discos

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