O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou neste domingo (26) que Israel é um “Estado independente” e não precisa de autorização externa para conduzir operações militares. Em reunião de gabinete, enfatizou que “nossa política de segurança está em nossas mãos”, reforçando a autonomia do país frente às negociações lideradas pelos Estados Unidos para consolidar o cessar-fogo em Gaza.
Cessar-fogo e mediação internacional
A fala de Netanyahu ocorre uma semana após a visita de altos funcionários dos EUA, incluindo o vice-presidente JD Vance e enviados Steven Witkoff e Jared Kushner, que buscavam garantir a trégua iniciada em 10 de outubro entre Israel e Hamas. O acordo, mediado por Estados Unidos, Egito e Catar, visa interromper combates, devolver reféns, aumentar a ajuda humanitária e implementar uma retirada parcial israelense da faixa de Gaza, conhecida como “linha amarela”.
Apesar das tentativas de mediação, Netanyahu afirmou que Israel responderá a ataques “conforme nosso próprio critério”, citando ações recentes no Líbano e Gaza. Analistas destacam que a posição reforça a resistência israelense a pressões externas, colocando em xeque o plano de cessar-fogo de 20 pontos do presidente Donald Trump.
Primeiros avanços e desafios da trégua
Durante a primeira fase do acordo, Israel liberou cerca de dois mil palestinos, incluindo 250 com longas penas, e devolveu 165 corpos de palestinos a Gaza. O Hamas, por sua vez, entregou todos os 20 reféns vivos que mantinha, além de 13 corpos, deixando 15 ainda sob custódia.
Entretanto, episódios de violência persistem na linha amarela. Militares israelenses afirmaram ter atingido militantes que cruzaram a linha demarcada, enquanto moradores de Gaza relatam confusão sobre o limite exato. Confrontos recentes resultaram na morte de dois soldados israelenses em Rafah, com resposta aérea que deixou 28 mortos, segundo autoridades de saúde locais.
Além disso, o fluxo de ajuda humanitária ainda é insuficiente. Israel permitiu a entrada de caminhões por duas passagens, mas organizações da ONU e autoridades palestinas consideram que a assistência não atende às necessidades emergenciais.
Próximas fases e negociações internacionais
O plano de estabilização envolve uma força apoiada pelos EUA, composta por até 200 soldados, sem presença direta em território palestino. Conversas também ocorrem com Indonésia, Emirados Árabes Unidos, Egito, Catar, Turquia e Azerbaijão.
O objetivo americano é desarmar o Hamas e outras facções, além de estabelecer um comitê de transição de tecnocratas palestinos apolíticos, supervisionado por um novo órgão internacional chamado “Conselho da Paz”, liderado por Trump. Detalhes sobre a composição do conselho e a possível participação do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair ainda não foram definidos.
O grupo palestino condiciona a aceitação do órgão à participação em sua aprovação, enquanto Israel mantém reservas sobre retiradas adicionais e a criação de um Estado palestino.

