Brasil mais triste

Morre Silvio Tendler, ícone do documentário brasileiro, aos 75 anos

Cineasta e historiador audiovisual, Tendler enfrentava neuropatia diabética e deixa legado de mais de 80 obras sobre política e história do Brasil

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Silvio Tendler, cineasta brasileiro, autor de documentários políticos, faleceu aos 75 anos - Foto: © MST/Divulgação

O cineasta Silvio Tendler, referência do documentário brasileiro, morreu nesta sexta-feira (5), aos 75 anos, vítima de infecção generalizada. Há mais de uma década, Tendler convivia com neuropatia diabética, condição que compromete o sistema nervoso, e teve sua morte confirmada por sua filha, Ana Rosa Tendler.

Reconhecido como o “cineasta dos sonhos interrompidos”, Tendler produziu obras que marcaram a história política do país. Entre elas, destacam-se Jango (1980), Os Anos JK – Uma Trajetória Política (1980) e Tancredo, A Travessia (2011), que formam a chamada “Trilogia Presidencial”. O filme sobre João Goulart segue sendo um dos documentários mais assistidos no Brasil, com 1 milhão de espectadores.

Além de seu trabalho político-histórico, Tendler conquistou o público com obras populares, como O Mundo Mágico dos Trapalhões (1981), que registrou 1,3 milhão de espectadores, e Os Anos JK, com 800 mil. Sua obra mais ambiciosa, Utopia e Barbárie, levou cerca de 20 anos para ser concluída, reunindo depoimentos de Augusto Boal, Eduardo Galeano e Susan Sontag.

Trajetória e legado de Silvio Tendler

Nascido no Rio de Janeiro, em 1950, Tendler iniciou sua carreira cinematográfica no fim dos anos 1960. Durante a ditadura militar, exilou-se no Chile e posteriormente na França, onde estudou história e cinema em Paris. De volta ao Brasil, fundou a produtora Caliban em 1976, responsável por mais de 80 produções, na maioria com caráter historiográfico e político.

Sua atuação extrapolou o cinema: nos anos 1990, ocupou o cargo de Secretário de Cultura e Esporte do Distrito Federal e colaborou com a Unesco em projetos de audiovisual no Mercosul. Recebeu importantes reconhecimentos, incluindo a Ordem Rio Branco, concedida pelo então presidente Lula, e, em maio deste ano, a Ordem do Mérito Cultural do governo federal. Ao longo de sua carreira, conquistou mais de 60 prêmios em festivais nacionais e internacionais.

Tendler deixa a esposa, Fabiana Versasi, e a filha, Ana Rosa Tendler, além de um legado que consolidou o documentário como ferramenta de memória e crítica política no Brasil.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.