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Conceição Evaristo: a primeira personalidade homenageada em vida pela Flup

Festa Literária das Periferias exalta a escrevivência negra no Rio em novembro

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Conceição Evaristo - © Rovena Rosa/Agência Brasil

A escritora Conceição Evaristo, uma das vozes mais importantes da literatura contemporânea brasileira, será a primeira personalidade homenageada em vida na 15ª edição da Festa Literária das Periferias (Flup), que acontecerá entre os dias 19 a 23 e 27 a 30 de novembro, no Viaduto de Madureira e na Central Única das Favelas (CUFA), no Rio de Janeiro.

O idealizador e curador geral da Flup, Julio Ludemir, explica que a homenagem reconhece a “escrevivência” de Conceição como um gesto político e poético que ressignifica o mundo a partir das vozes negras e periféricas. Segundo Ludemir, ao celebrar Conceição, a Flup também homenageia o Brasil das ações afirmativas, das cotas, e de uma nova intelectualidade negra que cresce dia a dia. “Ninguém representa isso melhor do que Conceição Evaristo. Homenagear Conceição é homenagear sua obra, militância e biografia, que dialogam diretamente com o Brasil popular da mulher negra e das utopias que ele produz”, afirmou.

Nas palavras de Ludemir, Conceição é uma inspiração constante: “Quando você estiver cansado, olhe para uma mulher negra grávida e verá que existe futuro.” A autora tem um papel simbólico e real na luta contra o racismo estrutural e a exclusão, ocupando no imaginário nacional um lugar comparável ao de Jorge Amado, tocando profundamente o cotidiano e a história brasileira.

A programação da Flup 2025 será rica em cultura e diversidade, incluindo o Festival Literário da Igualdade Racial (FLIIR), oficinas, batalhas de slam poetry, uma mostra especial dedicada ao cineasta britânico Steve McQueen, e shows de grandes artistas como Sandra Sá, Mano Brown e Luedji Luna. A curadoria internacional será assinada pela pesquisadora franco-senegalesa Mame-Fatou Niang, que destaca a importância da compreensão da presença negra na cultura brasileira.

A festa se consolida como espaço vital de resistência, construção simbólica e intercâmbio de saberes periféricos, reconhecida não só no Brasil, mas também no exterior, destacando parcerias duradouras com a França e o Reino Unido. Ludemir reforça que a Flup “convenceu antes o mundo do que o próprio Brasil”, abrindo portas para representar a potência das narrativas negras e periféricas.

Com informações da Agência Brasil

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.