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Morre Angela Ro Ro, ícone da música brasileira e pioneira do movimento LGBTQIA+, aos 75 anos

Cantora estava internada desde julho e não resistiu a parada cardíaca após procedimento cirúrgico

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Morre Angela Ro Ro aos 75 anos ( Eduardo Moraes/Divulgação)

A cantora Angela Ro Ro, uma das vozes mais emblemáticas da música brasileira, morreu nesta segunda-feira (8), aos 75 anos, após complicações de saúde. Internada no Hospital Silvestre, no Rio de Janeiro, desde julho, ela havia sido submetida a uma traqueostomia devido a uma infecção pulmonar. O falecimento ocorreu em decorrência de uma parada cardíaca durante procedimento cirúrgico. A informação foi confirmada por sua ex-namorada, Laninha Braga, e pelo produtor Paulinho Lima.

Trajetória musical e impacto cultural

Nascida em 1949, no Rio de Janeiro, Angela Ro Ro começou sua carreira no final dos anos 1970, após uma temporada em Londres, onde trabalhou como faxineira e garçonete. Seu primeiro álbum homônimo, lançado em 1979, trouxe clássicos como “Amor Meu Grande Amor” e “Tola Foi Você”, consolidando sua voz rouca e grave como marca registrada.

Ao longo das décadas, Angela se destacou não apenas pela música, mas também por sua atuação como referência no movimento LGBTQIA+, sendo uma das primeiras artistas a se posicionar contra a lesbofobia no Brasil. Nos anos 1980, seu relacionamento com a cantora Zizi Possi ganhou repercussão pública e resultou no lançamento do álbum “Escândalo!” (1981), consolidando sua carreira e reforçando sua imagem de artista engajada e sem medo de enfrentar controvérsias.

Angela Ro Ro na década de 1970. Foto: Arquivo Pessoal
Angela Ro Ro na década de 1970. Foto: Arquivo Pessoal

Superação e novos projetos

Apesar de enfrentar problemas pessoais e financeiros, Angela Ro Ro conseguiu superar vícios em 2000 e emagrecer cerca de 35 kg, marco que inspirou o álbum “Acertei no Milênio”. Nos anos seguintes, a cantora diversificou sua atuação artística, participando do talk-show “Escândalo”, no Canal Brasil, e lançando discos como “Compasso” (2006).

Durante a pandemia, Angela recorreu às redes sociais para pedir ajuda financeira, revelando que sua renda mensal era limitada a cerca de R$ 800, um reflexo das dificuldades enfrentadas por artistas da música brasileira, mesmo aqueles com trajetórias consagradas.

Legado de Angela Ro Ro

Angela Ro Ro deixa um legado duradouro na música e na luta por direitos e visibilidade LGBTQIA+. Sua obra atravessa gerações e mantém relevância não apenas pelo talento musical, mas também pelo compromisso com a defesa de causas sociais e pelo enfrentamento de preconceitos.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.