O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta uma perigosa instabilidade política no Congresso Nacional.
Desentendimentos abertos entre os líderes do PT nas duas Casas e os presidentes do Legislativo, Hugo Motta (Câmara) e Davi Alcolumbre (Senado), ameaçam comprometer a votação de pautas cruciais para a gestão progressista, sobretudo o Orçamento de 2026.
A crise de relacionamento expõe a fragilidade da articulação e o preço da política de indicações. Agora, a tarefa de Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, e José Guimarães (PT-CE), líder na Câmara, é urgente: apaziguar os ânimos para evitar o naufrágio de projetos de interesse nacional.
🏛️ A Câmara em Aberto: Lindbergh e Motta em Ruptura Pública
Na Câmara dos Deputados, a crise é aberta e pública, marcada por trocas de farpas entre o combativo líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), e o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB).
- Estopim: A tensão escalou após a aprovação do Projeto de Lei (PL) Antifacção, quando Lindbergh criticou Motta por conduzir a votação com o texto do relator Guilherme Derrite (PP-SP), gerando uma “crise de confiança”.
- Consequências: Motta assumiu publicamente o rompimento da relação institucional, declarando que não acolherá pautas vindas de Lindbergh. O líder petista revidou, classificando a atitude de Motta como “conduta imatura” e disparando uma alfinetada direta: “O Centrão não indica líder do PT.”
- Risco: O afastamento entre as cúpulas é preocupante, pois pode prejudicar o andamento de projetos vitais, como a aprovação do Orçamento e, mais urgente, a neutralização de pautas de oposição, como a anistia aos condenados pelo 8 de janeiro.
💔 O Senado e a Quebra da “Lua de Mel” por Messias
No Senado, a crise é mais silenciosa, mas igualmente perigosa, e foi desencadeada por uma decisão pessoal do presidente Lula.
- O Azar de Alcolumbre: Até recentemente, o clima entre o Planalto e o Senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) era de cooperação. O Senado aprovou em tempo recorde a promessa de campanha petista de isentar o Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil e tributar as altas rendas — um importante trunfo para a reeleição em 2026.
- O Ponto de Ruptura: A desilusão veio com a escolha de Lula para a vaga no STF. O presidente preferiu indicar o aliado Jorge Messias (Advogado-Geral da União) em vez de apoiar o nome de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que é próximo de Alcolumbre.
- Consequência: Alcolumbre, chateado por não ter sido sequer comunicado da decisão, parou de atender as ligações do líder do PT na Casa, Jaques Wagner (BA). O resultado imediato é que a sabatina de Messias na CCJ e sua votação no plenário foram empurradas para 2026, atrasando uma indicação prioritária do Executivo.
💰 Impacto Institucional e Orçamentário
O maior receio dos governistas é que essa guerra fria no Legislativo paralise a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA). Sem o Orçamento aprovado, o governo fica engessado e perde a capacidade de executar políticas públicas e investimentos em 2026, enfraquecendo-o antes de um ano eleitoral crucial.
A cúpula do Planalto precisa agir rapidamente para resgatar a base aliada, sob o risco de ver a agenda progressista ser sequestrada por jogos de poder e vaidades pessoais no Congresso.



