Rio de Janeiro, 30 de maio de 2025 – O Brasil fechou o primeiro trimestre de 2025 com um avanço de 1,4% no PIB (Produto Interno Bruto), consolidando-se como a quinta economia que mais cresceu no mundo neste início de ano, segundo cálculo do economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, com base em dados e projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional). A façanha contrasta com a letargia das chamadas grandes potências, como Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, e expõe a falência do dogma neoliberal que há décadas dita o ritmo do capital global.
Agropecuária e demanda interna empurram o Brasil para cima
De acordo com o levantamento, o Brasil aparece à frente de pesos-pesados como China, Estados Unidos, França e Alemanha, cujos crescimentos oscilaram entre tímidos 1,2% e quedas de até -0,2%. No topo da lista, com 3,2%, está a Irlanda, laboratório fiscal da elite financeira global, seguida por Colômbia, Filipinas e Índia. O Brasil lidera entre os países da América Latina e se posiciona como destaque dentro dos BRICS — bloco que inclui Rússia, Índia, China e África do Sul — cuja média de crescimento foi de 1,3%.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a maior contribuição para o crescimento brasileiro veio da agropecuária, com uma impressionante alta de 10,2%, empurrada pela supersafra de soja e pela expansão de cultivos intensivos. O modelo agrário, embora questionável do ponto de vista socioambiental, segue sendo o motor do PIB brasileiro — expondo a dependência estrutural do país ao setor primário e à vulnerabilidade externa da sua economia.
Consumo das famílias reage, apesar de juros altos
Outro ponto de destaque foi o consumo das famílias, que subiu 1% em relação ao trimestre anterior. Mesmo com os juros ainda elevados pelo Banco Central, que continua refém do dogmatismo monetarista sob comando de Roberto Campos Neto, os dados indicam uma lenta, porém consistente recuperação do poder de compra da população. Os investimentos cresceram 3,1%, impulsionados por setores como a construção civil, importações de plataformas de petróleo e desenvolvimento de softwares — áreas que vêm recebendo atenção especial do governo federal.
As exportações também cresceram 1,2%, mas as importações saltaram 14%, refletindo o aumento da demanda interna e a reativação da indústria. O dado, embora mostre vigor do consumo doméstico, aponta para o desafio de recompor a balança comercial em um cenário de dependência tecnológica e fragilidade industrial.

Superando os impérios em declínio
Com um crescimento que deixa para trás Estados Unidos (queda de 0,2%) e China (7ª posição), o Brasil se vê momentaneamente no papel que outrora ocupavam as potências do Atlântico Norte: o de motor emergente da economia mundial. Não se trata de uma redenção, mas de uma janela geoeconômica — onde a política fiscal ativa, combinada com o aumento da capacidade produtiva agrícola e do consumo popular, produz efeitos reais e mensuráveis. Uma lição incômoda para os arautos do Estado mínimo.
Enquanto isso, os países do G7 — Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido — patinam com média de crescimento de apenas 0,2%. O contraste desnuda a falácia do modelo de austeridade permanente, que impôs estagnação às economias centrais enquanto países do Sul Global, como Brasil e Índia, ensaiam passos firmes na recuperação econômica.
Desafio estrutural e oportunidade política
Apesar do crescimento, o Brasil continua refém de uma estrutura econômica primário-exportadora, com alta concentração de renda, desindustrialização crônica e passivos sociais históricos. O avanço no PIB não se traduz automaticamente em melhora da vida para a maioria da população. Sem políticas redistributivas, reforma tributária progressiva e planejamento de longo prazo, o país corre o risco de repetir os ciclos de voo de galinha típicos de sua história econômica.
A oportunidade está dada. Mas é preciso que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva enfrente os setores que lucram com a estagnação e a dependência. O crescimento de 2025 pode ser o início de uma virada estrutural — ou apenas mais um respiro breve no pântano neoliberal em que o país foi jogado após o golpe de 2016 e os anos de destruição sob Jair Bolsonaro.