Efeito Lula

FMI eleva projeção de crescimento do Brasil para 2026

Estimativa passou de 2,0% para 2,1%, apesar do risco tarifário imposto pelos Estados Unidos

Vanessa Neves
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Vanessa Neves
Vanessa Neves é Jornalista, editora e analista de mídias sociais do Diário Carioca. Criadora de conteúdo, editora de imagens e editora de política.
Lula e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva - Foto: Ricardo Stuckert

Brasília – 29 de julho de 2025 – O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou para 2,1% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2026, conforme divulgado no relatório Perspectiva Econômica Global, publicado nesta terça-feira.

A nova projeção representa alta de 0,1 ponto percentual em relação à estimativa anterior, de abril, mas ainda indica desaceleração em comparação com o crescimento previsto para 2025, de 2,3%.

FMI eleva projeção de crescimento do Brasil para 2026

Revisão considera cenário atual, mas desconsidera tarifa de Trump

Segundo o FMI, a projeção considera apenas as políticas comerciais atualmente em vigor. O relatório não inclui os possíveis impactos do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, anunciado pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, que deve entrar em vigor em 1º de agosto de 2025.

De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), as novas tarifas podem gerar perdas de até R$ 175 bilhões no PIB brasileiro ao longo da próxima década e resultar na eliminação de 1,3 milhão de empregos no país.

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Fazenda mantém otimismo, apesar da Selic elevada

O Ministério da Fazenda segue com projeções mais otimistas do que o FMI. A pasta revisou para cima a estimativa de crescimento do PIB em 2025, de 2,4% para 2,5%, e para 2026, de 2,5% para 2,4%.

O desempenho recente da economia, no entanto, é afetado pela política monetária restritiva. A taxa básica de juros (Selic) permanece em 15%, o que limita o avanço econômico. Mesmo assim, o mercado de trabalho segue aquecido, o que contribui para alguma estabilidade.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB brasileiro cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025, após uma expansão de 3,4% em 2024. Os dados do segundo trimestre devem ser divulgados em 2 de setembro.

América Latina e emergentes têm leve melhora nas projeções

O FMI também revisou para cima suas estimativas para a América Latina e Caribe, prevendo crescimento de 2,2% em 2025 e 2,4% em 2026.

Para o grupo das Economias de Mercados Emergentes e em Desenvolvimento, que inclui o Brasil, a expectativa é de crescimento de 4,1% em 2025 e 4,0% em 2026.


Entenda as críticas de Donald Trump sobre o comércio com o Brasil

Por que Donald Trump anunciou tarifas contra o Brasil?
Segundo o presidente dos Estados Unidos (EUA), o Brasil tem mantido práticas comerciais “desequilibradas”, com barreiras a produtos norte-americanos e subsídios a exportações estratégicas. O tarifaço seria uma resposta unilateral para pressionar por mudanças.

Qual é o impacto esperado dessas tarifas para o Brasil?
Estudos da Fiemg estimam perdas de até R$ 175 bilhões no PIB ao longo de dez anos, com corte de 1,3 milhão de empregos, afetando especialmente os setores agroindustrial e metalúrgico.

O governo brasileiro reagiu às tarifas?
Até o momento, o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços buscam diálogo diplomático com Washington, mas também consideram levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC).

As tarifas já estão em vigor?
Não. As novas alíquotas entram em vigor em 1º de agosto de 2025. As negociações seguem nos bastidores, com expectativa de alguma flexibilização até a data-limite.


Crescimento cauteloso e incertezas comerciais

Embora o aumento da projeção do FMI indique resiliência da economia brasileira, o cenário externo adiciona risco significativo à trajetória de crescimento. O impacto do pacote tarifário de Donald Trump, caso implementado integralmente, pode comprometer o desempenho a partir do segundo semestre. A taxa Selic elevada segue como freio interno, enquanto o mercado de trabalho sustenta o consumo. O embate comercial com os EUA tende a se tornar pauta central da política externa brasileira nos próximos meses.


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Vanessa Neves é Jornalista, editora e analista de mídias sociais do Diário Carioca. Criadora de conteúdo, editora de imagens e editora de política.