Proposta prevê R$ 40,8 bilhões para emendas parlamentares em 2026

Montante aumenta influência política e reduz recursos para políticas sociais e investimentos estratégicos

Vanessa Neves
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Vanessa Neves
Vanessa Neves é Jornalista, editora e analista de mídias sociais do Diário Carioca. Criadora de conteúdo, editora de imagens e editora de política.
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O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026, enviado nesta sexta-feira (29) pelo governo federal ao Congresso Nacional, prevê R$ 40,8 bilhões para emendas parlamentares. O valor é superior ao destinado em 2025 (R$ 38,9 bilhões) e em 2024 (R$ 37,6 bilhões), evidenciando o peso político das emendas e seu impacto sobre recursos disponíveis para programas sociais e investimentos estratégicos.


Emendas parlamentares: instrumento de negociação política

As emendas parlamentares permitem que deputados e senadores definam onde aplicar recursos do orçamento federal, geralmente em obras e projetos nos estados de origem. O governo controla o ritmo de liberação, usando os pagamentos como instrumento de fortalecimento político e negociação com o Congresso.

O aumento das emendas parlamentares consome espaço no orçamento de gastos livres, reduzindo recursos para políticas essenciais como:

  • Bolsas do CNPq e da Capes;
  • Investimentos em infraestrutura e transporte;
  • Programas sociais como Farmácia Popular e Pronatec;
  • Fiscalização ambiental e do trabalho;
  • Apoio a atletas e programas culturais;
  • Serviços públicos essenciais, como emissão de passaportes.

Tipos de emendas e regras de transparência

Atualmente, existem três tipos principais de emendas:

  1. Bancada: definidas pelos parlamentares de um mesmo estado; governo é obrigado a pagar.
  2. Comissão: definidas por membros de comissões permanentes; pagamento não é obrigatório.
  3. Individual: indicadas por cada um dos 594 parlamentares; governo é obrigado a pagar.

Entre 2020 e 2022, existiam as chamadas emendas de relator ou “orçamento secreto”, consideradas inconstitucionais pelo STF em 2022. Elas não identificavam os parlamentares responsáveis, dificultando a fiscalização.

Com o fim do orçamento secreto, surgiram as emendas PIX, que devem obedecer critérios de transparência, rastreabilidade e correção, com prioridade para obras inacabadas e prestação de contas ao Tribunal de Contas da União (TCU).


STF e investigação sobre emendas suspeitas

No início deste mês, o ministro Flávio Dino determinou que a Polícia Federal investigue R$ 694 milhões em emendas parlamentares com indícios de irregularidades, reforçando a necessidade de fiscalização rigorosa e combate a desvios.

Atualmente, pelo menos sete ministros do STF conduzem inquéritos envolvendo suspeitas de desvio de emendas parlamentares, abrangendo cerca de 80 parlamentares e ex-parlamentares. Entre os ministros estão:

  • Flávio Dino
  • Gilmar Mendes
  • Cármen Lúcia
  • Nunes Marques
  • Cristiano Zanin
  • Alexandre de Moraes
  • Dias Toffoli
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Vanessa Neves é Jornalista, editora e analista de mídias sociais do Diário Carioca. Criadora de conteúdo, editora de imagens e editora de política.