A Controvérsia sobre Momentos de Adoração Cristã em Escolas Públicas

Momentos de devoção geram debates sobre laicidade e liberdade religiosa.

Redacao
Por Redacao
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Brasília – A prática de momentos de adoração cristã, conhecidos como devocionais, tem se espalhado nas escolas brasileiras, tanto públicas quanto particulares. Esses encontros, comuns entre evangélicos, permitem que crianças e adolescentes se reúnam para leituras bíblicas, cânticos e pregações durante os intervalos. No entanto, essa tendência gerou controvérsias sobre a laicidade do Estado e a liberdade religiosa.

Um levantamento do portal UOL revela que devocionais ocorrem em colégios de pelo menos 19 estados. Essas reuniões podem ser organizadas espontaneamente pelos alunos ou contar com a participação de convidados, incluindo líderes religiosos. Contudo, o artigo 19 da Constituição brasileira proíbe que escolas estatais apoiem cultos religiosos, exceto em casos de interesse público.

Debate no Ministério Público e no Congresso

A discussão sobre a legalidade dessas práticas já chegou ao Ministério Público e ao Congresso Nacional. Um projeto de lei propõe a liberação de atos religiosos voluntários nas escolas, incluindo os devocionais. A proposta prevê multas para gestores que tentarem proibir esses encontros.

A reportagem ouviu mais de 15 pessoas, incluindo juristas e educadores, que apresentam opiniões divergentes. Enquanto alguns criticam os excessos, outros defendem a liberdade religiosa nas instituições de ensino.

A Controvérsia sobre Momentos de Adoração Cristã em Escolas Públicas | Diário Carioca

Exemplos de Práticas nas Escolas

Em São Paulo, estudantes da Etec Guaracy Silveira, localizada em Pinheiros, formaram um grupo que se reúne semanalmente para devocionais. Na Escola Estadual Sylvio Rabello, em Recife, as reuniões também acontecem regularmente desde o início de 2024. Em Canguaretama (RN), os encontros são divulgados por meio das redes sociais.

Com a autorização dos diretores, os alunos utilizam espaços comuns como bibliotecas e quadras para realizar suas atividades religiosas. No entanto, especialistas alertam que a falta de regulamentação pode levar a abusos.

Opiniões Divergentes

O professor Marcondes Rodrigues, da rede estadual em Paudalho (PE), observa que as reuniões muitas vezes se transformam em cultos. Isso pode incomodar estudantes e famílias que não compartilham da mesma fé. Por outro lado, a mãe de uma aluna que participa dos devocionais defende os encontros como benéficos para os jovens.

O debate sobre os “intervalos bíblicos” chegou ao Ministério Público de Pernambuco em abril de 2024. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação expressou preocupação com possíveis excessos durante essas atividades.

A Influência dos Missionários

Em Goiás, algumas escolas têm convidado “missionários influencers” para conduzir encontros religiosos. Esses eventos frequentemente atraem grandes públicos e são transmitidos pelas redes sociais. O estudante Lucas Teodoro, por exemplo, criou um grupo chamado Aviva School, que atua em 15 estados.

A Secretaria de Educação de Goiás afirmou que respeita a diversidade religiosa nas escolas e não possui regras específicas para palestras religiosas. No entanto, não esclareceu como esses influencers conseguem acesso às instituições.

Entenda o Caso: Devocionais nas Escolas

  • O Que São: Momentos de adoração cristã realizados em escolas.
  • Localização: Práticas ocorrem em colégios públicos e particulares.
  • Legalidade: Proibição constitucional de apoio a cultos nas escolas.
  • Reações: Debate no Ministério Público e no Congresso Nacional.
  • Exemplos: Grupos formados por estudantes em várias partes do Brasil.
  • Influência Religiosa: Presença de missionários em eventos escolares.

Com informações do UOL.

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