Almas da Pandemia

Efeito Alexandre: Aliados relatam “surto” de Bolsonaro e temor de vozes na tornozeleira que “tinha escuta”

Relatos internos indicam colapso emocional do ex-presidente nas horas que antecederam a prisão preventiva, com delírios sobre escuta e queima deliberada do equipamento de monitoramento.

JR Vital - Diário Carioca
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
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Jair Bolsonaro em montagem com meme de Alexandre (Guilherme Fontes) em A Viagem (Foto: Reprodução/Instagram)

O ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo aliados diretos, atravessou um surto que combinou delírio auditivo, paranoia e um ato deliberado de dano ao equipamento de monitoramento, fato que se tornou um dos pilares para a prisão preventiva decretada pelo Ministro Alexandre de Moraes na madrugada de 22 de novembro de 2025.

A avaliação interna aponta que o ex-mandatário acreditou ouvir vozes na tornozeleira eletrônica, o que o levou a queimá-la com um ferro de solda e a admitir o ato em vídeo obtido pela imprensa.

Dados e evidências imediatas:

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  • 00h07 de 22/11/2025: o sistema detectou violação automática.
  • Relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do DF: queimaduras em toda a circunferência.
  • Vídeo interno: Bolsonaro afirma: “Meti ferro quente aí… curiosidade”.
  • Fundamento jurídico: tentativa de violação como indício de fuga.

A sequência dos fatos desmontou a versão inicial de aliados que classificavam a história como invenção. O próprio irmão, Renato Bolsonaro, comparou o caso à “história da Chapeuzinho Vermelho”, enquanto o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, admitiu um quadro emocional “totalmente alterado”, reforçando a gravidade do episódio. O deputado estadual Lucas Bove argumentou que não haveria lógica em danificar o aparelho horas antes de eventual fuga, tese que buscou afastar a interpretação de premeditação.

A espiral emocional que antecedeu o colapso

Interlocutores descrevem que o ex-presidente vivia dias de isolamento, ansiedade e temor crescente diante da iminência de uma operação judicial. Após décadas cercado por auxiliares que administravam cada detalhe de sua rotina, Bolsonaro teria sentido o impacto de lidar sozinho com tarefas simples, inclusive a gestão de medicamentos. O ambiente de pressão produziu, segundo relatos, paranoia crescente.

Em conversas privadas, Bolsonaro passou a afirmar que a tornozeleira possuía uma “escuta”, capaz de transmitir diálogos internos da casa. O temor se intensificou a ponto de ele comentar com visitantes que o equipamento estava “falando”. A servidora enviada pela SAP-DF relatou que, durante a inspeção, ele admitiu ter usado um ferro de solda. Ao ser questionado, esclareceu: “Ferro de soldar, solda”.

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O colapso político em câmera lenta

O episódio não é apenas um descontrole individual. Ele revela o impacto do colapso institucional produzido por anos de radicalização, autoisolamento e deterioração do ecossistema político que sustentou Bolsonaro. A paranoia sobre “escutas” ecoa a lógica conspiratória difundida durante seu governo e reforça a deterioração da confiança interna entre aliados, que agora alternam entre justificativas emocionais e tentativas de blindagem.

Relatório técnico e decisão judicial

O relatório enviado ao STF afirmou que as marcas eram compatíveis com aquecimento extremo, afastando a hipótese de choque mecânico contra escadas. O dano completo ativou o alerta automático e levou a equipe de escolta a registrar o caso como violação deliberada. Após a substituição imediata da pulseira, o documento foi encaminhado ao STF, onde Moraes incorporou o material como um dos elementos centrais da preventiva.

Projeção de Cenário

O caso expõe a falência de uma liderança política que cultivou tensão permanente e, agora, enfrenta o peso das próprias narrativas. O avanço das instituições indica que episódios similares tendem a acelerar debates sobre monitoramento, saúde mental de figuras públicas e protocolos de risco para autoridades sob vigilância judicial.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.