O Brasil registrou um superávit comercial de US$ 6,96 bilhões em outubro de 2025, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
Mesmo com o impacto do tarifaço de Donald Trump, o país teve alta de 70,2% em relação a outubro de 2024, consolidando o segundo melhor resultado histórico para o mês.
Superávit histórico reflete fortalecimento das exportações brasileiras
As exportações totalizaram US$ 31,97 bilhões, alta de 9,1% na comparação anual, enquanto as importações caíram 0,8%, somando US$ 25,01 bilhões. O volume total de comércio — US$ 57 bilhões — representa crescimento de 4,5% frente a 2024 e demonstra a resiliência do setor externo brasileiro mesmo em um cenário global adverso.
De acordo com o Mdic, este é o segundo melhor resultado da série histórica para meses de outubro desde 1989, ficando atrás apenas de 2023. O desempenho confirma o chamado “Efeito Lula”, termo usado por economistas para descrever a combinação de política comercial ativa, diversificação de mercados e recuperação industrial promovidas durante o atual governo.
Tarifaço dos EUA reduz vendas, mas China impulsiona saldo
A queda de 37,9% nas exportações para os Estados Unidos, após o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump em agosto, foi o principal fator de pressão negativa. As vendas ao mercado norte-americano somaram apenas US$ 2,21 bilhões, enquanto as importações vindas dos EUA chegaram a US$ 3,97 bilhões.
Entretanto, o impacto foi amplamente compensado pelo aumento das exportações para outros parceiros. A China registrou crescimento expressivo de 33,4%, atingindo US$ 14,3 bilhões, impulsionada por soja e minério de ferro. Também houve avanços para Europa (+7,6%), Mercosul (+14,3%) e Índia (+2,3%) — resultado direto de políticas de diversificação comercial e diplomacia econômica ativa.
Setores e produtos em destaque
No acumulado de janeiro a outubro, o superávit chegou a US$ 52,39 bilhões, uma queda de 16,6% frente ao mesmo período de 2024. Ainda assim, o saldo continua sendo o quarto maior da série histórica, confirmando a sustentação da balança comercial.
- Agropecuária: +24% nas exportações, impulsionada por alta de 15,9% no volume e 4,4% nos preços.
- Indústria extrativa: +22%, com crescimento de 20,1% no volume exportado.
- Indústria de transformação: leve alta de 0,7%, com aumento de 5,5% no volume e queda de 3,5% nos preços.
Produtos com maior contribuição:
| Produto | Crescimento (%) |
|---|---|
| Soja | +42,7% |
| Minério de ferro | +29,5% |
| Cobre | +198,5% |
| Petróleo bruto | +9% |
| Café não torrado | +16% |
| Carne bovina | +40,9% |
| Ouro não monetário | +71,7% |
| Máquinas e equipamentos especializados | +87,2% |
Esses resultados consolidam o agronegócio e a indústria extrativa como pilares da pauta exportadora brasileira, refletindo o impacto positivo da política de reindustrialização verde e dos acordos bilaterais de comércio.
Projeções e cenário para 2025
O Mdic revisou a projeção de superávit para US$ 60,9 bilhões em 2025, com exportações estimadas em US$ 344,9 bilhões e importações em US$ 284 bilhões. A revisão trimestral ainda não incorporou integralmente os efeitos do tarifaço dos EUA, mas técnicos do governo destacam que o Brasil mantém diversificação geográfica e setorial como estratégia de mitigação de riscos.
A política comercial adotada pelo governo Lula prioriza a ampliação de parcerias com China, Mercosul e Índia, além de avanços nas negociações com a União Europeia. Essa estratégia tem contribuído para reduzir a dependência dos EUA, fortalecer cadeias produtivas locais e sustentar o crescimento econômico com inclusão social.
O resultado de outubro reafirma o posicionamento do Brasil como potência exportadora e ator estratégico no comércio global, mesmo diante de tensões comerciais internacionais e protecionismo crescente.

