Folia Literária

Exaltando Conceição Evaristo, Império Serrano revela fantasia inspirada nos ‘Cadernos Negros’

Figurino comercial integra o enredo de 2026 e transforma em estética carnavalesca a força literária e a memória insurgente da autora

JR Vital - Diário Carioca
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
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Foto: Fabiano Vieira

O Império Serrano apresentou nesta quarta-feira (19) a fantasia da Ala 12, intitulada “Cadernos Negros”, que integra o enredo “Ponciá Evaristo Flor do Mulungu”, desenvolvido pelo carnavalesco Renato Esteves para a Série Ouro 2026. A criação se inspira no momento em que a protagonista da história, após sobreviver ao dilúvio que atravessa a narrativa, transforma a escrita em um ato de insubordinação, memória e reinvenção.

Segundo a sinopse, “após o dilúvio, escrever adquiriu um sentido de insubordinação. Ponciá-Evaristo-Flor-do-Mulungu tornou-se professora. Entre poemas e romances, registrou as memórias da tragédia do aguaceiro e as guardou em Cadernos Negros”. É esse gesto de resistência por meio da palavra que inspira a estética e a simbologia da fantasia apresentada.

A referência direta aos Cadernos Negros resgata também a trajetória do coletivo Quilombhoje, responsável por uma das mais importantes séries literárias dedicadas à escrita negra no Brasil. Entre os textos publicados, destaca-se o poema “Vozes-Mulheres”, de Conceição Evaristo, originalmente presente no volume 13 da coletânea, em 1990, e posteriormente republicado em “Poemas da recordação” e outros movimentos. No poema, a autora costura gerações de mulheres negras cujas vivências, dores e afetos ecoam através da literatura.

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Exaltando Conceição Evaristo, Império Serrano revela fantasia inspirada nos ‘Cadernos Negros’
Foto: Fabiano Vieira

A fantasia da Ala 12 materializa essa herança de palavras insurgentes, transformando as páginas dos Cadernos Negros em movimento, cor e narrativa na Sapucaí. A escrita, que na obra de Evaristo é memória coletiva e denúncia, ganha forma no desfile como afirmação de vida e continuidade.

Em sua reflexão sobre o processo criativo, o carnavalesco Renato Esteves destaca a potência simbólica dessa referência.

“Os ‘Cadernos Negros’ são mais que um marco literário. São um arquivo de sobrevivências. Ao levar essa imagem para a Avenida, buscamos mostrar que a palavra escrita por mãos negras não só resiste, mas funda novas possibilidades de existir. Cada fantasia desta ala é uma página viva desse legado”, afirma.

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A fantasia é comercial e compõe a Ala das Feras. Os interessados podem adquiri-la através do Whatsapp (21) 99471-5432, com a presente de ala Meri.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.