Afrouxada á Direita

Ministério da Justiça chama proposta de Derrite de “presente de Natal às facções”

Parecer do deputado Derrite sobre Projeto de Lei Antifacção recebe críticas por enfraquecer combate ao crime organizado.

JR Vital - Diário Carioca
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
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Guilherme Derrite. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Técnicos do Ministério da Justiça classificam como “escândalo” o parecer do deputado Guilherme Derrite sobre o Projeto de Lei Antifacção, que limita a atuação da Polícia Federal e cria barreiras para o combate às facções criminosas.

O parecer apresentado pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP) sobre o Projeto de Lei Antifacção, que visa fortalecer o enfrentamento às organizações criminosas, provocou forte reação no Ministério da Justiça. Técnicos da pasta e o secretário de Assuntos Legislativos, Marivaldo Pereira, apontam que o substitutivo de Derrite enfraquece o papel da Polícia Federal ao condicionar sua atuação conjunta com as forças estaduais à solicitação dos governadores.

Marivaldo Pereira classificou a proposta como “um presente de Natal aos líderes de facções criminosas”, uma referência ao suposto benefício que o texto traria para essas organizações ao restringir a capacidade investigativa e operacional da PF. O deputado, que se licenciou da Secretaria de Segurança de São Paulo para relatar o projeto, defendeu que a intenção é criar barreiras à atuação da PF, limitando inclusive investigações envolvendo autoridades públicas.

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O secretário Nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, reforçou que o artigo 144 da Constituição não impõe tais condicionantes para o trabalho da PF, que já tem competência para atuar integrada quando há repercussão interestadual. Ele advertiu que a proposta fere diretamente a legislação vigente e representa um retrocesso na segurança pública.

Entre os pontos críticos apontados está a tentativa de retirar da Justiça Federal a competência para investigar crimes em portos e aeroportos, regiões estratégicas para o combate ao crime organizado. Esse deslocamento compulsório da PF para ações exclusivamente estaduais ameaçaria investigações complexas em curso, aumentando a insegurança jurídica.

Além disso, o parecer cria um ambiente de dúvidas e questionamentos judiciais sobre a divisão de competências entre esferas, o que pode comprometer o andamento de processos e operações contra as facções. A proposta prevê agravamento de penas para crimes cometidos por integrantes das organizações criminosas e endurecimento das condições para progressão de regime.

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No Congresso, o texto enfrenta resistência, principalmente do bloco governista. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, declarou que o parecer é “um escândalo” e comparou a iniciativa ao retorno da “PEC da Blindagem”, que buscava proteger políticos investigados. Para ele, o projeto visa impedir a autonomia da PF e fragilizar o combate às organizações criminosas, ameaçando operações fundamentais em andamento.

Principais pontos da proposta de Derrite e críticas

  • PF só atuaria com forças estaduais mediante autorização do governador.
  • Retirada da Justiça Federal da investigação em portos e aeroportos.
  • Aumento das penas para crimes de facções, mas diminuição da coordenação federal.
  • Criação de insegurança jurídica por sobreposição e conflito de competências.
  • Reação contrária do Ministério da Justiça e líder do PT, que veem enfraquecimento da PF.
  • Incômodo à autonomia da PF e risco para investigações contra autoridades.

Esta controvérsia marca um momento delicado no debate sobre segurança pública no Brasil, espelhando tensões políticas e jurídicos que podem definir os rumos do enfrentamento ao crime organizado e a eficiência das instituições responsáveis.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.