Brasília – 23 de agosto de 2025 – O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes acionou o Ministério da Justiça para extraditar seu ex-assessor Eduardo Tagliaferro, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por crimes contra a ordem democrática e tentativa de dificultar investigações de atos golpistas.
O pedido já foi encaminhado ao Itamaraty, que iniciou a formalização junto ao governo da Itália, onde Tagliaferro vive atualmente.
Acusações da PGR
Segundo a denúncia, Tagliaferro cometeu os crimes de violação de sigilo funcional, obstrução de investigação, coação no curso do processo e tentativa de abolir violentamente o Estado Democrático de Direito. Ele é acusado de repassar informações confidenciais obtidas no TSE e no STF para beneficiar interesses próprios e de terceiros.
Em ofício enviado em 20 de agosto, a PGR informou que o processo de extradição já foi formalmente encaminhado ao governo italiano.
Conflito público com Moraes
Tagliaferro atuou como assessor de Moraes no período em que o ministro presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Desde que passou a ser investigado, fez declarações nas redes sociais prometendo revelar “bastidores” do gabinete de Moraes, alegando ter “bastante coisa” contra o magistrado.
Em abril, a Polícia Federal indiciou o ex-assessor por divulgar conversas internas de Moraes com servidores do STF e do TSE.
Defesa e apoio bolsonarista
O ex-assessor nega as acusações, alega perseguição política e recebeu apoio de grupos bolsonaristas nas redes. Para o procurador-geral da República, Paulo Gonet, a fuga para a Itália é sintoma de alinhamento a outros investigados que atuam em rede para tentar desacreditar instituições e enfraquecer investigações sobre atos antidemocráticos.

