As eleições legislativas realizadas neste domingo (7) na Província de Buenos Aires, a mais populosa da Argentina, representaram um duro revés para o presidente Javier Milei. O peronismo, reunido na frente Fuerza Patria — que une kirchneristas, aliados do governador Axel Kicillof e o setor de Sergio Massa —, abriu 13 pontos de vantagem sobre o partido governista La Libertad Avanza.
Com mais de 14 milhões de eleitores aptos a votar, a participação superou 60%. O pleito renovou 46 assentos de deputados e 23 de senadores da legislatura provincial, além de vagas em câmaras municipais e conselhos escolares.
Vitória histórica do peronismo
Na Primeira Seção Eleitoral, onde concorria Gabriel Katopodis (Fuerza Patria), a coalizão peronista ultrapassou os 47% dos votos, contra 37,15% da lista de Diego Valenzuela, representante de Milei. Foi a primeira vitória clara do peronismo em uma legislativa nessa região desde 2009.
Mais atrás ficaram a Frente de Izquierda (4,28%) e o bloco Somos Buenos Aires — aliança de radicais, setores da Coalizão Cívica e peronistas não kirchneristas —, com 4,16%.
Unidade contra Milei
No bunker em La Plata, a deputada nacional Cecilia Moreau celebrou o resultado e agradeceu à militância e lideranças como Juan Grabois, Máximo Kirchner, Sergio Massa, Axel Kicillof e Cristina Kirchner.
O governador de Tierra del Fuego, Gustavo Melella, chamou o resultado de “freio a Milei”, destacando que os eleitores priorizaram trabalho, produção e inclusão, em contraposição ao projeto de austeridade do presidente.
Axel Kicillof e Sergio Massa reforçaram a necessidade de unidade peronista para resistir às políticas de ajuste. Já Máximo Kirchner ironizou Milei em publicação nas redes sociais: “Pediste para tirar o pingüim do caixão e aí está. O povo não muda de ideia, segue com as bandeiras de Evita e Perón”.
Derrota simbólica para Milei
O resultado em Buenos Aires é simbólico por ocorrer no principal colégio eleitoral do país e evidencia a perda de fôlego do projeto ultraliberal. O discurso da “motosserra” contra os gastos públicos, que levou Milei ao poder em 2023, se transformou em inflação alta, cortes brutais e crescente insatisfação popular.
A derrota do oficialismo fortalece o campo progressista e projeta novos embates políticos no cenário nacional argentino, onde o peronismo volta a se reposicionar como força central contra a agenda de desmonte social e econômico.

