O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu, nesta segunda-feira (18), a Cúpula de Líderes do G20 com um discurso no Museu de Arte Moderna, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
O evento, que reúne chefes de Estado, teve início às 8h40, e o discurso de abertura ocorreu por volta das 11h. Durante a ocasião, Lula anunciou oficialmente o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
A iniciativa tem como meta alcançar mais de 500 milhões de pessoas com programas de transferência de renda até 2030. Segundo o presidente, essa ação busca combater os efeitos da desigualdade social e da pobreza, que ele classificou como “inadmissíveis” diante da capacidade produtiva global e dos altos gastos militares no mundo.
No discurso, Lula destacou a desigualdade social como um dos maiores desafios enfrentados atualmente e citou o Brasil como exemplo das disparidades que precisam ser combatidas.
“Esta cidade é a síntese dos contrastes que caracterizam o Brasil, a América Latina e o mundo. De um lado, a beleza exuberante da natureza. De outro, injustiças sociais profundas”, afirmou.
Lula ressaltou ainda a gravidade da fome global, enfatizando que 733 milhões de pessoas estão subnutridas em 2024, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Ele relacionou o problema à falta de políticas inclusivas.
“A fome e a pobreza não são resultado de escassez ou fenômenos naturais. São produtos de decisões políticas que perpetuam a exclusão de grande parte da humanidade”, declarou.
Metas da Aliança
Durante o anúncio, Lula afirmou que a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza será o principal legado da presidência brasileira no G20. A iniciativa, segundo ele, visa articular políticas públicas, recomendações internacionais e fontes de financiamento para enfrentar o problema.
“Com a participação ativa da sociedade civil, conseguimos retirar milhões da extrema pobreza e podemos fazer ainda mais com a Aliança”, afirmou.
Ele também destacou os avanços recentes do Brasil nesse campo, mencionando o retorno de programas como o Bolsa Família e o Programa Nacional de Alimentação Escolar. Desde sua retomada, mais de 24,5 milhões de brasileiros saíram da extrema pobreza. Lula prometeu que, até 2026, o país estará novamente fora do Mapa da Fome.
O presidente também celebrou a adesão de 81 países, 26 organizações internacionais, 9 instituições financeiras e 31 fundações filantrópicas à Aliança. Ele agradeceu aos que já anunciaram contribuições financeiras e afirmou que o trabalho apenas começou.
“A Aliança nasce no G20, mas seu destino é global. Que esta cúpula seja marcada pela coragem de agir”, finalizou.
Perspectivas e desafios
Apesar do anúncio, o plano ainda depende de adesões e da efetivação de parcerias internacionais. O ministro do Desenvolvimento, Wellington Dias, já havia antecipado que 41 nações possuíam projetos relacionados à Aliança, embora o número oficial de participantes não tenha sido confirmado.
O presidente ressaltou que o sucesso da iniciativa depende de um esforço coletivo e de decisões políticas que priorizem a inclusão social.
“Compete aos que estão aqui a tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade. Não se trata apenas de fazer justiça, mas de construir sociedades mais prósperas e um mundo de paz”, afirmou.
O evento segue ao longo desta segunda e terça-feira (19), com discussões sobre outros temas globais, incluindo mudanças climáticas e segurança alimentar, reforçando a centralidade da luta contra a pobreza na agenda internacional do G20.