Um estudo do Cato Institute publicado nesta quinta-feira (18) desmonta a narrativa do presidente Donald Trump sobre violência política nos Estados Unidos.
A pesquisa revela que atentados terroristas vinculados à extrema-direita causaram seis vezes mais mortes do que os atribuídos à esquerda entre 1975 e 2025 — um total de 391 vítimas contra 65 .
Os dados, que incluem o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk em 10 de setembro, contradizem frontalmente a declaração de Trump de que “a maior parte da violência ocorre na esquerda”. O presidente fez a afirmação após a morte de Kirk, atribuindo a autoria à “esquerda radical” .
Os números que desmentem Trump
O levantamento analisou 3.599 mortes por terrorismo político entre 1975 e 2025:
- 83% (2.992 mortes): Atentados de 11 de setembro (Al Qaeda)
- 11% (391 mortes): Atribuídos à direita
- 2% (65 mortes): Atribuídos à esquerda
- 4% (151 mortes): Outros grupos
Excluindo o 11/9, a proporção se torna ainda mais reveladora:
A tendência recente: direita ainda lidera
De 2020 a 2025, o padrão se mantém:
- 54 mortes (66,7%): Extremistas de direita
- 18 mortes (22,2%): Extremistas de esquerda
- 9 mortes (11,1%): Grupos islâmicos
Estes números incluem o assassinato de Kirk por Tyler Robinson — um republicano de 22 anos que agiu motivado por ódio à retórica anti-LGBTQIA+ do ativista .
O método: rigor e transparência
O estudo adotou critérios conservadores:
- Excluiu lesões e danos materiais
- Não contabilizou terroristas mortos em seus próprios ataques
- Incluiu vítimas inocentes mortas por resposta policial
Os pesquisadores admitem que interpretações podem variar, mas afirmam: “As vítimas da violência merecem justiça” — não narrativas políticas distorcidas .
Violência como tradição americana
A violência política nos EUA tem raízes profundas:
- Quatro presidentes foram assassinados em exercício
- Três sobreviveram a tentativas (incluindo Trump em 2024)
- Métodos medievais como “alcatrão e penas” foram usados contra opositores
Como resume o professor Maurizio Valsania: “A violência nunca foi uma distorção na política americana. Tem sido uma de suas características recorrentes” .
As repercussões: caça às bruxas e censura
A morte de Kirk desencadeou uma onda de perseguição:
- 26 pessoas demitidas ou suspensas por comentários sobre o caso
- Professoras, jornalistas e até agente do Serviço Secreto punidos
- Vice-presidente JD Vance incentivou: “Avisem o empregador deles”
Críticos alertam que as demissões ameaçam a liberdade de expressão e refletem o “medo de retaliações do governo Trump” .
Dados versus propaganda
O Cato Institute — think tank tradicionalmente alinhado ao conservadorismo — oferece um veredito incontestável: a extrema-direita é historicamente mais letal que a esquerda nos EUA. O estudo conclui:
“O governo pode e deve buscar justiça para Kirk e todas as vítimas, mas sem novas caças às bruxas políticas ou poderes governamentais ampliados” .
Os números não mentem: a violência política é um problema de todas as ideologias, mas sua letalidade pesa mais à direita.