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Brasil pode denunciar Israel por genocídio em Gaza

Brasília, 4 de julho de 2025 – O ex-chanceler Celso Amorim defendeu, em entrevista à Folha, que o Brasil denuncie formalmente o genocídio em Gaza na Corte Internacional de Justiça e reduza relações diplomáticas com Israel diante da ofensiva militar contra civis palestinos.


Brasil pode aderir à ação contra Israel por genocídio

Em entrevista exclusiva, o assessor especial da Presidência e ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, sugeriu que o governo brasileiro assuma uma posição mais firme diante da escalada da violência na Faixa de Gaza. Amorim afirmou que o país deveria entrar oficialmente como parte na ação da África do Sul que acusa Israel de genocídio no Tribunal de Haia.

Ele também defendeu que o Brasil rejeite o novo embaixador israelense e mantenha apenas relações diplomáticas mínimas com o governo de Benjamin Netanyahu, que segundo ele, “pratica um genocídio diante do mundo”.


Governo Lula resiste à nomeação de embaixador israelense

A indicação de um novo embaixador de Israel no Brasil continua sem resposta formal do Itamaraty. Segundo Amorim, não há intenção de conceder o agrément, documento diplomático necessário para validar o cargo.

A decisão ocorre após o Brasil chamar de volta seu embaixador em Tel Aviv, em meio às tensões com o governo israelense e à declaração de persona non grata ao presidente Lula por parte de autoridades de Israel.


Diplomacia brasileira adota postura crítica em meio ao conflito

Amorim deixou claro que não há radicalismo na posição brasileira, mas sim uma distinção entre povo judeu, o Estado de Israel e o atual governo de extrema-direita liderado por Netanyahu. Ele ressaltou que a reação militar israelense à ação do Hamas em outubro de 2023 foi “totalmente desproporcional”.

“Matar 2 mil pessoas é condenável. Mas 70 mil, incluindo mulheres e crianças em fila humanitária, é impensável”, declarou.

Apesar de o Brasil ainda não ter ingressado formalmente na ação em Haia, o apoio político à iniciativa sul-africana já foi declarado publicamente pelo governo.


O Diário Carioca esclarece: o que é a Corte Internacional de Justiça?

A Corte Internacional de Justiça (CIJ) é o principal órgão judiciário da ONU, com sede em Haia, nos Países Baixos. Seu papel é julgar disputas entre Estados com base no direito internacional, inclusive em casos de crimes como genocídio. Qualquer país-membro da ONU pode entrar com ações ou se juntar como parte interessada.


Relações com os EUA não devem impedir ação jurídica

Indagado sobre eventuais atritos com os Estados Unidos – tradicional aliado de Israel – caso o Brasil se junte formalmente ao processo, Amorim foi categórico:

“Se prender um narcotraficante americano aqui, você pode dizer que isso pode prejudicar relações. Mas estou agindo dentro da lei internacional”.

Segundo o diplomata, a prioridade deve ser a defesa dos direitos humanos e o respeito à legalidade internacional, independentemente de repercussões geopolíticas.


Brics ampliado e a nova ordem global

Na mesma entrevista, Amorim também comentou sobre o futuro do Brics, bloco de países emergentes que ganhou novos membros como Egito e Etiópia. Para ele, o grupo precisa se adaptar à nova configuração do mundo e exercer mais influência nas decisões internacionais, inclusive no G20.

Ele defendeu que países do Sul Global tenham maior representatividade em organismos como o FMI, e que o Brasil atue com protagonismo nas questões de governança global, como a reforma do Conselho de Segurança da ONU.


FAQ: entenda a posição do Brasil sobre o genocídio em Gaza

O Brasil pode mesmo processar Israel por genocídio?
Sim. O país pode entrar como parte na ação iniciada pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça, reforçando a acusação formal.

Por que o Brasil não rompeu relações com Israel como o Chile?
Segundo Amorim, romper totalmente criaria dificuldades para proteger brasileiros que vivem na região, além de limitar a atuação diplomática.

O que significa rejeitar um embaixador?
Negar o agrément significa que o governo brasileiro não reconhece a nomeação diplomática, limitando as relações bilaterais ao mínimo técnico e institucional.

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Redacaohttps://www.diariocarioca.com
Equipe de jornalistas do Jornal DC - Diário Carioca

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