Treze brasileiros que integravam a flotilha internacional de ajuda humanitária à Faixa de Gaza desembarcaram na manhã desta quinta-feira (9) no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, após uma semana detidos e deportados por Israel.
O grupo fazia parte da missão organizada pelo movimento Global Sumud, que tentava romper simbolicamente o bloqueio marítimo imposto ao território palestino. Entre os participantes estavam a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), a vereadora Mariana Conti (PSOL-SP), de Campinas, e a presidente estadual do PSOL no Rio Grande do Sul, Gabrielle Tolotti, além do ativista Thiago Ávila, já preso por Israel em uma missão anterior.
Recepção com protestos e solidariedade
Cerca de 80 apoiadores receberam o grupo no aeroporto, entre eles a deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP), que manifestou solidariedade aos colegas e criticou as ações israelenses.
“Eles cumpriram uma missão humanitária que é um dos símbolos das lutas da nossa geração”, declarou Sâmia, defendendo Mariana Conti, alvo de ataques da direita em Campinas.
Familiares também se reuniram no saguão. Jihad Kadri, filho do médico Mohamad El Kadri, coordenador do Fórum Latino Palestino, aguardava o pai com o tradicional keffiyeh nos ombros. “Ele foi irredutível. Essa é a causa da vida dele”, disse.
Prisão em Ktzi’ot e deportação via Jordânia
Os brasileiros foram mantidos sob custódia na prisão de Ktzi’ot, no deserto do Negev, região que abriga detentos palestinos. Após a deportação, o grupo foi transferido por terra até a Jordânia, onde recebeu apoio do consulado brasileiro.
Na quarta-feira (8), embarcaram em voo comercial de Amã, com escala em Doha, chegando a São Paulo pouco depois das 10h. O Itamaraty interveio junto às autoridades israelenses, mas não custeou o retorno.
Para viabilizar o regresso, o movimento lançou vaquinhas virtuais. O PSOL custeou as passagens de Mariana Conti e Gabrielle Tolotti, enquanto Luizianne arcou com o próprio deslocamento.
Flotilha interceptada por Israel
A flotilha, composta por 44 embarcações de 40 países e mais de 460 participantes, partiu de Barcelona em 31 de agosto com destino a Gaza. O comboio levava água, medicamentos e fórmulas infantis para a população palestina, devastada por dois anos de guerra.
Durante o trajeto, o grupo passou por Túnis, onde recebeu novas embarcações. Em 1º de outubro, parte da frota foi interceptada pela Marinha israelense. Entre os detidos estava a ativista sueca Greta Thunberg.
Israel justificou a ação por “razões de segurança”, mas as ONGs envolvidas denunciaram violação do direito internacional e bloqueio humanitário.
Histórico de violência contra missões civis
Esta foi a terceira interceptação do Global Sumud desde maio. Na ocasião, o barco Conscience, com 80 ativistas, foi atingido por drones em águas internacionais próximas a Malta. Israel alegou, sem provas, que o navio transportava armas ao Hamas — o que foi desmentido por inspeções maltesas.
Em junho, outro barco, o Madleen, foi apreendido a 180 km da costa de Gaza. Entre os presos estavam Greta Thunberg e Thiago Ávila, que relatou isolamento e maus-tratos.
Contexto e impacto
A tentativa de romper o bloqueio marítimo reacendeu o debate sobre direitos humanos e liberdade de circulação no Mediterrâneo. A ONU e organizações internacionais reiteraram que a ajuda humanitária não pode ser tratada como ameaça militar.
Apesar da repressão, a missão deu visibilidade global ao colapso humanitário em Gaza, onde mais de 67 mil pessoas morreram desde 2023, segundo dados locais reconhecidos pela ONU.

			
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
                               
                             
		
		
		
		
		
		
		
		