27.9 C
Rio de Janeiro
sábado, fevereiro 22, 2025
InícioMundoBrasileiros sofrem xenofobia na Alemanha com avanço da AfD
Mundo Cão

Brasileiros sofrem xenofobia na Alemanha com avanço da AfD

Crescimento da ultradireita no país impulsiona casos de racismo e discriminação contra imigrantes

Berlim – O avanço do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) nas eleições parlamentares tem sido acompanhado pelo aumento de casos de xenofobia e racismo. A sigla aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para o pleito deste domingo (23/2), acirrando o discurso anti-imigração no país.

Uma reportagem da agência Deutsche Welle (DW) revelou o relato de brasileiros que sofreram discriminação na Alemanha. O caso de Isabel, estudante em Düsseldorf, exemplifica essa realidade. Ao tentar abrir uma conta bancária, um funcionário sugeriu que ela lesse o contrato em inglês. Quando aceitou, ouviu que aquele banco não era para ela e que deveria ir embora. “São experiências assim, nas entrelinhas”, afirmou.


LEIA TAMBÉM

Imigração e preconceito

Atualmente, a Alemanha abriga 15,6 milhões de imigrantes, representando 19% da população. Segundo uma pesquisa de 2024 da plataforma Statista, 15,3% dos alemães acreditam que os estrangeiros exploram os benefícios sociais do país, enquanto 11% defendem a deportação de imigrantes desempregados.

O sociólogo da Universidade Livre de Berlim, Sergio Costa, associa o crescimento da xenofobia ao discurso político da AfD. “Quando políticos dão esse sinal à população, ela se sente autorizada a tratar mal estrangeiros. Isso não ocorre apenas na Alemanha, mas em outros países europeus onde a direita ganha força”, explica.

Além disso, Costa destaca que partidos considerados mais moderados, como a União Democrata Cristã (CDU), também adotam discursos contra imigrantes para evitar a perda de eleitores para a AfD. O candidato a chanceler Friedrich Merz (CDU), por exemplo, tentou aprovar medidas de rejeição a imigrantes e restrições à reunificação familiar.

Histórico da xenofobia na Alemanha

O crescimento do preconceito contra estrangeiros não começou com a AfD, fundada em 2013. Segundo Costa, a discriminação ganhou força após a reunificação alemã em 1990, período em que regiões industriais da Alemanha Oriental perderam relevância econômica e a diversidade social cresceu.

“A transformação não é aceita por todos. Para alguns, hostilizar estrangeiros é uma forma ilusória de resistir à perda de influência, como ocorre com homens diante do avanço da igualdade de gênero”, analisa Costa.

Ataques e ameaças contra brasileiros

A brasileira Daniela, moradora de Dresden, também sofreu xenofobia. Ela recebeu um panfleto da AfD, semelhante a uma passagem aérea, sugerindo a deportação de imigrantes. “Foi um choque de realidade. Já cuspiram perto de mim e ignoraram meus cumprimentos. No Brasil sou vista como branca, mas isso não me protegeu aqui”, relatou.

O Ministério do Interior da Alemanha registrou um aumento de 813% nas denúncias de xenofobia e racismo entre 2019 e 2023. Entretanto, a Embaixada do Brasil em Berlim não informou se recebeu queixas formais.

A presidente da ONG Janaínas, que apoia brasileiras vítimas de xenofobia, teme que um crescimento da AfD no Parlamento torne a vida dos imigrantes ainda mais difícil. “O receio fará parte do nosso cotidiano. As microagressões vão aumentar, e talvez percamos políticas públicas de proteção”, alerta.

Leis e proteção aos imigrantes

Desde 2006, a Alemanha possui uma lei antidiscriminação que prevê indenizações para vítimas de xenofobia. No mesmo ano, foi criada a Agência Alemã de Antidiscriminação, que presta apoio jurídico e psicológico a imigrantes discriminados.

Com informações do ConJur

Relacionadas

Confira outros assuntos:

Mais Lidas

Parimatch Cassino online