Pequim – 3 de setembro de 2025 – A China apresentou nesta quarta-feira seu mais recente arsenal militar, incluindo mísseis hipersónicos, drones submarinos e sistemas de defesa espacial, em um desfile que marcou o 80º aniversário da rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial.
O evento contou com a presença de Xi Jinping, do presidente russo Vladimir Putin e do líder norte-coreano Kim Jong-un, consolidando uma demonstração de força e alinhamento estratégico diante da hegemonia dos Estados Unidos.
Novos mísseis e drones no arsenal chinês
O desfile revelou pela primeira vez o míssil hipersónico YJ-15, projetado para perfurar embarcações de grande porte. A série YJ (Ying Ji – “ataque da águia”) pode ser lançada de navios ou aeronaves, ampliando a capacidade ofensiva marítima da China.
Outro destaque foi o Veículo Submarino Não Tripulado Extragrande AJX002, com mais de 18 metros de comprimento. O drone marítimo, capaz de operar em modo furtivo, integra a frota de XLUUVs chineses, consolidando a liderança do país na guerra submarina não tripulada.
Capacidade nuclear ampliada
As forças armadas chinesas também apresentaram três novos tipos de mísseis balísticos intercontinentais com ogivas nucleares: Dong Feng-61, Dong Feng-31BJ e Dong Feng-5C.
Segundo a imprensa estatal, o DF-5C possui alcance superior a 20 mil quilômetros e pode carregar até 12 ogivas em um único lançamento. Pequim também revelou o sistema JL-1, primeiro míssil nuclear lançado do ar pela China, além do sistema de defesa espacial HQ-29, projetado para destruir satélites estrangeiros.
Xi Jinping fala em paz, Trump reage com ataques
Antes do desfile, o presidente Xi Jinping afirmou que a humanidade precisa escolher “entre a paz e a guerra, entre o diálogo e o confronto”. Ele homenageou os soldados chineses mortos na luta contra o Japão e pediu esforços globais para eliminar as “raízes da guerra”.
A ausência de menção direta aos Estados Unidos provocou reação do presidente Donald Trump, que usou a rede Truth para cobrar reconhecimento da participação americana na derrota japonesa. “Muitos americanos morreram pela liberdade da China. Espero que sejam legitimamente honrados”, escreveu.
Na mesma publicação, Trump ironizou a aproximação entre Xi, Putin e Kim Jong-un, afirmando que conspiravam contra os EUA.
Desfile reforça narrativa histórica chinesa
Ao lado de Putin e Kim, Xi Jinping buscou destacar o papel da China na vitória sobre o Japão, frequentemente minimizado em relatos ocidentais que privilegiam as batalhas da Europa e do Pacífico. Estima-se que milhões de chineses tenham morrido durante a invasão japonesa e a guerra subsequente.
A comemoração também funciona como instrumento político: um gesto interno de reafirmação nacionalista e externo de desafio à ordem internacional pós-guerra, dominada pelos Estados Unidos.
Conclusão
O desfile militar em Pequim foi mais do que uma celebração histórica: tratou-se de uma demonstração calculada de poder tecnológico e de alianças estratégicas, projetando a China como alternativa à liderança global norte-americana.