A reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o líder norte-americano Donald Trump, realizada neste domingo (26) em Kuala Lumpur, capital da Malásia, teve momentos de descontração, curiosidade pessoal e declarações inesperadas do republicano sobre a trajetória política do brasileiro.
Segundo o jornalista Felipe Frazão, do Estadão, membros da comitiva presidencial afirmaram que Trump perguntou sobre o período em que Lula ficou preso durante a Operação Lava Jato e chegou a classificá-lo como vítima de “perseguição”. O presidente brasileiro respondeu que permaneceu 580 dias detido, entre abril de 2018 e novembro de 2019.
O encontro ocorreu no Centro de Convenções de Kuala Lumpur (KLCC) e durou aproximadamente 45 minutos, com a presença de seis assessores do governo brasileiro.
Cumplicidade e admiração
De acordo com relatos de integrantes do Planalto, a conversa entre os dois presidentes alternou momentos de leveza e seriedade, deixando em parte da equipe a impressão de certa cumplicidade política entre ambos.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, descreveu o ambiente como “descontraído e até alegre”.
“Trump declarou admirar o perfil da carreira política do presidente Lula, já tendo sido duas vezes presidente da República, tendo sido perseguido no Brasil, se recuperado, provado sua inocência, voltado a se apresentar e, vitoriosamente, conquistado o terceiro mandato”, afirmou o chanceler.
Outras fontes do governo confirmaram que o termo “perseguido” foi usado explicitamente por Trump ao mencionar os processos judiciais enfrentados por Lula no passado.
Durante o início da reunião, ainda com a imprensa presente, o presidente brasileiro pediu para encerrar a cobertura após cerca de nove minutos, alegando que o tempo de exposição estava reduzindo o espaço destinado às tratativas. Trump concordou e ironizou o momento, dizendo que as perguntas estavam “entediosas”.
Imbróglio diplomático e protocolo tenso
Antes do encontro, houve um impasse entre as equipes de segurança dos dois governos. O Serviço Secreto dos Estados Unidos tentou priorizar o acesso dos jornalistas da Casa Branca, o que gerou desconforto entre os assessores do Palácio do Planalto.
A Presidência do Brasil havia inicialmente se posicionado contra a presença da imprensa, mas acabou aceitando a exigência americana sob a condição de reciprocidade — permitindo que profissionais brasileiros também acompanhassem a cobertura.
Agenda e negociações comerciais
Durante a reunião, Lula entregou a Trump uma pasta vermelha com o brasão da Presidência da República, contendo documentos sobre a crise comercial e política entre Brasil e Estados Unidos. O gesto foi interpretado por diplomatas como uma forma de reforçar a posição brasileira nas negociações em torno das tarifas de importação impostas por Washington.
Embora não tenha anunciado mudanças imediatas, Trump determinou que seus secretários se reunissem ainda na noite de domingo, também em Kuala Lumpur, para tratar do tema.
Os dois presidentes discutiram ainda a possibilidade de visitas mútuas — Lula a Washington e Trump ao Brasil — em datas que ainda serão definidas.

			
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
                               
                             
		
		
		
		
		
		
		
		