Aqui tem lei

Donald Trump se diz surpreso com condenação de Bolsonaro

Presidente americano comparou julgamento do ex-presidente brasileiro a processos que enfrentou; Marco Rubio fala em “caça às bruxas”

JR Vital
por
JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Donald Trump - Foto: Daniel Torok

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta quinta-feira (11) estar surpreso com a condenação de Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O secretário de Estado americano, Marco Rubio, prometeu uma resposta dos EUA diante do julgamento que condenou Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado e crimes correlatos.

Trump comentou o caso ao deixar a Casa Branca a caminho de Nova York. “Eu achei que ele foi um bom presidente do Brasil. E é muito surpreendente que isso possa acontecer. Isso é muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram de jeito nenhum. Mas só posso dizer o seguinte: eu o conheci como presidente do Brasil e ele é um bom homem”, afirmou o líder norte-americano.

Em post na rede social X, Marco Rubio escreveu: “As perseguições políticas do violador de direitos humanos Alexandre de Moraes, sancionado, continuam, já que ele e outros membros do STF decidiram injustamente pela prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os Estados Unidos responderão de forma adequada a essa caça às bruxas”.

Em julho, Trump já havia anunciado tarifas de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA, citando a “caça às bruxas” contra Bolsonaro como um dos motivos. A Casa Branca também abriu investigação comercial acusando práticas desleais de comércio por parte do Brasil.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que os EUA estão dispostos a “usar meios militares” para proteger a liberdade de expressão global, em referência direta ao julgamento de Bolsonaro. Em nota, o Itamaraty condenou qualquer ameaça de sanções econômicas ou uso da força contra a democracia brasileira.

Condenação da Primeira Turma do STF

A Primeira Turma do STF condenou Jair Bolsonaro pelos crimes de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa, dano qualificado contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

Além de Bolsonaro, foram condenados:

  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal
  • Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência e delator da trama
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa
  • Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil

A dosimetria, que define o tamanho exato das penas, ainda será analisada pelos ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente do colegiado.

Placar dos votos

O julgamento teve diferentes placares:

  • Bolsonaro, Garnier, Torres, Heleno e Nogueira: 4 a 1 (Moraes, Dino, Cármen e Zanin a favor; Fux contrário) pelos crimes de organização criminosa, golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado.
  • Ramagem: 4 a 1 pela condenação por organização criminosa, golpe de Estado e tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito. As acusações de dano qualificado e deterioração do patrimônio foram suspensas.
  • Mauro Cid e Braga Netto: 5 a 0 pela tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito; 4 a 1 nos demais crimes.

Mesmo com a condenação, a prisão dos réus não é imediata. Recursos e embargos ainda podem ser apresentados antes do trânsito em julgado, quando a detenção se torna efetiva.

Seguir:
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.