Povo nas Ruas

França registra mais de 200 prisões em protestos “Bloqueiem tudo”

Manifestantes bloqueiam transporte e ruas após queda do governo de François Bayrou

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Foto: Reprodução Redes sociais

A polícia francesa deteve cerca de 200 pessoas nesta quarta-feira durante os protestos do movimento “Bloqueiem tudo” (“Bloquons tout”), que buscava paralisar transportes e a rotina urbana em todo o país. A mobilização ocorre dois dias após o colapso do governo do primeiro-ministro François Bayrou, em meio a medidas de austeridade impopulares.

Mobilização e confrontos em Paris

As autoridades deslocaram 80 mil policiais e gendarmes para conter a onda de protestos. Em Paris, foram registradas 95 detenções, com mais oito ocorrendo fora da capital. Manifestantes atearam fogo em caixotes de lixo, construíram barricadas e tentaram bloquear vias e carris de transporte, sendo impedidos pelas forças de segurança.

Na Porte de Montreuil, no leste da cidade, manifestantes incendiaram lixo e tentaram obstruir o tráfego do elétrico. Próximo à Gare du Nord, centenas se reuniram, obrigando a polícia a fechar acessos e controlar entradas. Apesar disso, alguns manifestantes tentaram forçar a entrada na estação.

Marie, participante do movimento, afirmou à imprensa: “Hoje estamos aqui para mostrar a Macron que estamos fartos de tudo isto. Ele não pode continuar a ignorar o que o povo quer”, mencionando também os cortes que afetarão o setor cultural.

Apoio e críticas à mobilização

Enquanto alguns transeuntes expressaram solidariedade com os manifestantes, outros criticaram o vandalismo. Nesrine, gestora de projetos em Montreuil, disse: “Concordo que devemos ter o direito de protestar… mas não acho que devemos quebrar coisas. Quem paga somos nós, os contribuintes.”

O movimento “Bloqueiem tudo”, sem liderança central, cresceu no verão em reação à inflação, medidas de austeridade e ao que considera uma classe política disfuncional. Diferente dos Coletes Amarelos de 2018, os protestos contam com forte articulação online.

Apoio sindical e contexto político

Dois grandes sindicatos, CGT e SUD, apoiaram as ações desta quarta-feira, enquanto novas greves estão previstas para 18 de setembro. Pesquisas indicam que 46% dos franceses apoiam o movimento, incluindo eleitores da esquerda e da extrema-direita (Rassemblement National).

Os protestos também abordam cortes em reembolsos médicos, com alertas de que até 6 mil farmácias poderão fechar devido à crise. A queda do governo Bayrou foi motivada por medidas impopulares, como a redução de feriados bancários para reduzir o déficit público. Alguns manifestantes exigem que o presidente Emmanuel Macron dissolva a Assembleia Nacional e convoque eleições antecipadas.

Estudantes e profissionais de diversas áreas demonstram insatisfação com desigualdades e políticas fiscais, reforçando a tensão social no país. Thomas, universitário, resumiu: “Estamos indignados com o sistema político e com o fato de que os ultra-ricos e as corporações não estão pagando impostos suficientes.”

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.