Susto

Incêndio destrói casa de juíza criticada por aliada de Trump

Residência de Diane Goodstein, na Carolina do Sul, foi consumida pelo fogo semanas após ataques de procuradora do Departamento de Justiça

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Casa da juíza Diane Goodstein em chamas

A juíza Diane Goodstein, de 69 anos, da Vara de Circuito da Carolina do Sul, teve sua casa de praia totalmente destruída por um incêndio neste sábado (4), na comunidade de Edisto Beach.

O episódio ocorre poucas semanas depois de Goodstein ter sido alvo de críticas públicas da procuradora-assistente geral Harmeet Dhillon, ligada ao governo Donald Trump, após a magistrada suspender a liberação de dados de eleitores do estado para o Departamento de Justiça.


Juíza foi alvo de ataques públicos de integrante do governo Trump

A controvérsia começou quando Goodstein bloqueou temporariamente o acesso do governo Trump a listas de eleitores da Carolina do Sul, medida que visava garantir a proteção dos dados e evitar possíveis violações de direitos civis.

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A decisão contrariou interesses da ala trumpista, que vem pressionando autoridades estaduais a revisar cadastros de eleitores sob o argumento de “integridade eleitoral” — narrativa já desacreditada em múltiplas investigações federais.



Em resposta, Harmeet Dhillon, chefe da Divisão de Direitos Civis do Departamento de Justiça à época, atacou a juíza nas redes sociais, afirmando que o DoJ “não toleraria a anulação apressada das leis federais de votação por um juiz estadual” e prometendo “manter as listas de eleitores limpas”. A declaração foi amplamente criticada por juristas e ex-procuradores que viram na postura de Dhillon uma tentativa de intimidação ao Judiciário.

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O bilionário Elon Musk também entrou no debate e declarou que os Estados Unidos “não são uma democracia”, mas vivem uma “tirania do Judiciário” — comentário que reforçou o clima de tensão e desinformação alimentado por grupos alinhados ao trumpismo.

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Tragédia em Edisto Beach e investigação em andamento

O incêndio começou por volta das 7h da manhã de sábado (4) e se espalhou rapidamente pela casa de três andares localizada na comunidade privada de Jeremy Cay, uma das áreas mais exclusivas do litoral sulista. A juíza Diane Goodstein passeava com seus cães na praia quando as chamas tomaram conta da residência.

Três pessoas ficaram feridas, incluindo o marido da magistrada, o ex-senador democrata Arnold Goodstein, de 74 anos, que precisou pular do primeiro andar para escapar das chamas. Ele foi resgatado por vizinhos e paramédicos que usaram caiaques para chegar ao local, cercado por áreas alagadas. O ex-parlamentar foi levado de helicóptero a um hospital regional, com múltiplas fraturas, e segue em recuperação.

Segundo autoridades locais, agentes da Divisão de Aplicação da Lei da Carolina do Sul (SLED) estão conduzindo uma investigação completa sobre as causas do incêndio. Até o momento, não há indícios confirmados de crime, mas o caso gerou forte mobilização política e ampla cobertura da imprensa norte-americana.

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Histórico e perfil de Diane Goodstein

Eleita juíza estadual em 1998, Diane Goodstein é reconhecida por decisões equilibradas e pela defesa do devido processo legal. Antes da carreira no Judiciário, atuou como advogada especializada em direito civil. Seu marido, Arnold Goodstein, foi deputado e senador estadual na década de 1970 e mais tarde se destacou como empresário do setor imobiliário.

O casal tem dois filhos adultos e é conhecido na comunidade local por apoiar causas democráticas e campanhas de transparência pública.

“A retórica de intimidação contra juízes e promotores é uma ameaça real ao Estado de Direito”, afirmou um professor da Universidade da Carolina do Sul à imprensa local, reforçando a necessidade de proteger a independência judicial nos Estados Unidos.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.