Gaza – 10 de agosto de 2025 – Militares israelenses admitiram ter matado deliberadamente o jornalista Anas al-Sharif, da Al Jazeera, em um ataque contra uma tenda de imprensa no Hospital Al-Shifa, na Faixa de Gaza.
A ofensiva matou outros quatro profissionais e ocorreu poucas horas depois de Benjamin Netanyahu prometer acesso limitado a jornalistas estrangeiros.
Exército tenta justificar execução de repórter
Em comunicado obtido pela Al Jazeera, as Forças de Defesa de Israel alegaram, sem apresentar provas, que al-Sharif “atuava sob pretexto de jornalista” e colaborava com o Hamas. Organizações como o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) classificam a acusação como parte de uma política sistemática para criminalizar o jornalismo palestino e restringir a cobertura independente da guerra.
Segundo o CPJ, desde 7 de outubro de 2023 pelo menos 186 jornalistas foram mortos por Israel e 90 foram presos. O Gabinete de Imprensa de Gaza aponta números ainda mais alarmantes: 230 jornalistas mortos.
Leia mais sobre política internacional
Ataque seguiu anúncio de Netanyahu
O bombardeio contra a tenda da imprensa ocorreu horas após Netanyahu, em entrevista coletiva em Jerusalém, anunciar que permitiria a entrada “de mais jornalistas estrangeiros” na Faixa de Gaza.
Apesar da declaração, Israel mantém rígidas restrições à cobertura desde o início da guerra. Entidades jornalísticas afirmam que a proibição de acesso, somada ao assassinato em massa de repórteres locais, configura uma política deliberada de censura armada.
Comunicação como alvo de guerra
Relatórios da Federação Internacional de Jornalistas e da Repórteres Sem Fronteiras indicam que Israel utiliza assassinatos seletivos, prisões arbitrárias e bloqueio informativo para impedir a divulgação de crimes de guerra. O caso de Anas al-Sharif soma-se à longa lista de jornalistas da Al Jazeera mortos em Gaza desde 2023.
A estratégia, segundo especialistas, busca eliminar vozes que documentam violações de direitos humanos e crimes contra civis palestinos, blindando o governo israelense de pressão internacional.