![Parentes e colegas se despedem do jornalista palestino Hussam al-Masri, morto por um bombardeio israelense ao Hospital Nassar, em Khan Younis, no sul de Gaza, em 25 de agosto de 2025 [Abed Rahim Khatib/Agência Anadolu]](https://diariocarioca.com/wp-content/uploads/2025/08/AA-20250825-38920567-38920526-FAREWELL_CEREMONY_HELD_FOR_FOUR_JOURNALISTS_KILLED_IN_ISRAELI_ATTACK_IN_KHAN_YUNIS-860x573.jpg "Israel já assassinou mais jornalistas em Gaza do que qualquer guerra na História | Diário Carioca")
O exército israelense matou 246 jornalistas na Faixa de Gaza desde 7 de outubro de 2023, tornando o conflito a campanha militar mais letal para profissionais de imprensa na História. O levantamento da Universidade Brown (EUA) indica que o número supera as mortes em guerras como Vietnã, Primeira e Segunda Guerras Mundiais, Ucrânia e Síria.
Jornalistas internacionais também foram alvos
No ataque mais recente, cinco jornalistas morreram entre as 20 vítimas do bombardeio ao Hospital Nasser, em Khan Yunis. Entre eles, profissionais da Reuters, Associated Press e da rede Al Jazeera. O estudo da Brown observa que governos e grupos armados – de Israel a Assad, passando pelos Estados Unidos e pelo Estado Islâmico – têm utilizado ataques diretos e restrições repressivas para silenciar a cobertura jornalística.
“Todos mataram jornalistas e ajudaram a consolidar uma cultura de impunidade. Gaza e Síria tornaram-se verdadeiros cemitérios de notícias”, afirmou o estudo.
O levantamento detalha que o número de jornalistas mortos no conflito atual supera as mortes em guerras históricas, incluindo Guerra Civil Americana, guerras coreanas, Vietnã, conflitos na Iugoslávia e guerra pós-11 de setembro no Afeganistão.
Crescimento do risco para repórteres locais
A pesquisa aponta aumento constante da violência contra jornalistas. Em 2023, um profissional de mídia era morto a cada quatro dias; em 2024, a média caiu para um a cada três dias. A maioria das vítimas, especialmente em Gaza, são jornalistas locais, que enfrentam violência extrema sozinhos, prejudicando a cobertura internacional e o fluxo de informações confiáveis.
“A redução de correspondentes estrangeiros experientes e o fechamento de agências internacionais facilitaram a criação de ‘cemitérios de notícias’. Informações precisas sobre guerras são vitais para proteger civis e expor os responsáveis”, ressalta o estudo da Universidade Brown.
Prisões e detenção de jornalistas
Além de mortes, o Sindicato dos Jornalistas da Palestina registrou desde outubro de 2023 206 casos de prisão e detenção de jornalistas por autoridades de ocupação israelenses:
- 55 jornalistas permanecem detidos em prisões israelenses, incluindo cinco previamente presos;
- 18 jornalistas foram detidos, com Farah Abu Ayash, de Beit Ummar (Hebron), em confinamento solitário;
- 39 jornalistas de Gaza foram presos desde outubro de 2023, com 22 ainda detidos;
- 48 casos de detenção administrativa ocorreram, com 23 em custódia até hoje.
A Agence France-Presse (AFP) alertou em julho de 2025 sobre risco de morte por fome de seus jornalistas em Gaza, destacando que jamais haviam testemunhado colegas morrendo por desnutrição durante conflitos.
| Conflito | Jornalistas mortos | Fonte | Ano |
|---|---|---|---|
| Gaza | 246 | Universidade Brown | 2023-2025 |
| Vietnã | 128 | Universidade Brown | 1955-1975 |
| Segunda Guerra Mundial | 102 | Universidade Brown | 1939-1945 |
Mobilização global por proteção à imprensa
Na próxima segunda-feira (1º), mais de 150 veículos de 50 países participam de protesto coordenado pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e pelo movimento Avaaz, incluindo o Brasil de Fato. A campanha exige:
- Proteção imediata dos jornalistas em Gaza;
- Evacuação segura de profissionais de mídia;
- Acesso independente da imprensa estrangeira à Faixa de Gaza;
- Responsabilização de Israel por crimes contra jornalistas.
A mobilização ressalta que impunidade e silêncio internacional fortalecem um genocídio mediático, atingindo diretamente o direito à informação e à vida de profissionais da imprensa.
