Pirataria

Israel sequestra Flotilha Humanitária com brasileiros a caminho de Gaza

Forças militares de Israel interceptaram a flotilha Global Sumud com 500 voluntários, incluindo brasileiros do PSOL

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Foto: Reprodução

A flotilha humanitária Global Sumud, composta por cerca de 40 embarcações e 500 voluntários, foi interceptada e sequestrada por navios militares de Israel quando se aproximava da Faixa de Gaza na tarde desta quarta-feira, 1º de outubro de 2025.

A missão, que levava ajuda essencial ao enclave palestino, tinha como tripulantes o ativista Thiago Ávila e três militantes do PSOL: Nicolás Calabrese (RJ), Gabi Tolotti (RS) e Mariana Conti (vereadora em Campinas/SP), além de ativistas franceses, portugueses e italianos. A ação violenta, que cortou as comunicações e desligou transmissões ao vivo, foi classificada como ilegal por observadores internacionais.


A Ação Militar e a Denúncia de Sequestro

Relatos de tripulantes indicam que Israel interceptou inicialmente os barcos Alma e Sirius. O jornalista Lorenzo D’Agostino, da Reuters, testemunhou a ação contra o Sirius. Os membros do PSOL gravaram um vídeo prévio, alertando: “Se você tá assistindo esse vídeo agora, é porque nós fomos interceptados e sequestrados contra nossa vontade.” Nicolás Calabrese reforçou que a missão era “completamente legal e pacífica, sem armas”.

Durante a noite, drones e embarcações israelenses realizaram manobras de “guerra psicológica” ao redor dos ativistas, com risco de colisão. Entretanto, o governo de Israel justificou a operação, alegando que a flotilha violava o bloqueio naval imposto a Gaza e estava envolvida em uma “provocação Hamas-Sumud”, sugerindo que a ajuda fosse entregue em portos como Chipre ou Egito. O ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, confirmou que os barcos seriam transferidos para o porto israelense de Ashdod.

Críticas Internacionais e Violação de Águas

A ação de Israel gerou forte condenação de organizações de direitos humanos e da ONU. A Anistia Internacional classificou a rota como “área de alto risco” e exigiu a proteção da flotilha, argumentando que os Estados têm a responsabilidade de garantir a passagem segura de embarcações com bandeira estrangeira em águas internacionais.

Além disso, a relatora da ONU para territórios palestinos ocupados, Francesca Albanese, criticou a operação, afirmando categoricamente que as águas de Gaza não estão sob soberania de Israel. O ato de interceptar uma missão humanitária em águas internacionais, alegando uma política de segurança unilateral, configura um desafio direto às leis marítimas e um ato de força que viola a missão de ajuda a uma população sob severo bloqueio.

A Inação Diplomática e o Risco para os Brasileiros

O caso evidencia a escalada de tensão e o uso desproporcional da força por Israel para manter o bloqueio a Gaza. O envolvimento de brasileiros e ativistas de diversas nacionalidades coloca a diplomacia de vários países em xeque. O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, pediu cautela, enquanto a Turquia retirou 11 de seus cidadãos para evitar confrontos.

O fato de cinco brasileiros estarem entre os sequestrados exige uma resposta firme e imediata do governo brasileiro para garantir a integridade física e a libertação dos ativistas. A justificativa israelense de “provocação” falha em esconder o fato de que a missão visava fornecer ajuda humanitária a uma região em crise, reforçando o caráter progressista e combativo da ação dos voluntários.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.