17 de junho de 2025 | Berlim, Alemanha – O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, não fez questão de disfarçar: “Israel está fazendo o serviço sujo por todos nós”, declarou, sem rodeios, ao comentar a escalada militar contra o Irã. A fala, feita em entrevista à emissora pública ZDF durante a cúpula do G7 no Canadá, escancara uma realidade que os governos ocidentais tentam há décadas maquiar — uma guerra por procuração travada em nome dos interesses das potências.
A frase de Merz não é apenas simbólica. Ela oficializa o alinhamento do bloco — formado por Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália, Japão, Canadá e a própria União Europeia — à ofensiva militar de Israel, cujo governo, liderado por Benjamin Netanyahu, já protagoniza um dos episódios mais brutais da história recente com o massacre sistemático contra o povo palestino em Gaza.
“Este é o trabalho sujo que Israel está fazendo por todos nós. Também somos vítimas deste regime clerical [iraniano]. Este regime trouxe morte e destruição ao mundo”, disse Merz, reforçando a retórica belicista usada por Tel Aviv e seus aliados.
Guerra por procuração escancarada
A declaração de Merz é mais que diplomacia — é confissão pública. Assume-se que Israel atua não apenas em defesa própria, mas como braço armado dos interesses estratégicos das potências ocidentais no Oriente Médio.
O chanceler ainda sinalizou que a destruição do programa nuclear iraniano, seja por negociações ou pela força, é questão de tempo. “O Exército de Israel obviamente não é capaz de conseguir isso, lhe faltam armas necessárias. Mas os americanos as têm”, disparou, em clara referência às chamadas “bunker busters”, munições de destruição massiva usadas para atingir instalações subterrâneas.
Se restavam dúvidas de que a guerra ultrapassou qualquer limite da legalidade internacional, elas foram enterradas.
Ataques já afetam o programa nuclear iraniano
Relatórios da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmam que os ataques de Israel desativaram as centrífugas de enriquecimento de urânio do Irã, após cortes de energia que paralisaram os complexos nucleares. Inicialmente, a AIEA negou danos, mas acabou admitindo a gravidade do impacto.
EUA e Europa avalizam, sem disfarces
O apoio irrestrito dos Estados Unidos se mantém como pilar da operação. O presidente Donald Trump, rompendo qualquer protocolo diplomático, chegou a publicar uma mensagem ameaçando a evacuação imediata de Teerã, provocando pânico e tensão na região.
Horas depois, tentou recuar no tom, prometendo um “ultimato final” para que o Irã abandone, integralmente, seus programas nuclear civil e militar. Uma chantagem aberta, com cheiro de pólvora e geopolítica colonial.
A França, até pouco tempo vocalmente crítica ao genocídio em Gaza, também aderiu. Embora com menos entusiasmo que os alemães ou americanos, o presidente Emmanuel Macron deixou claro que, se necessário, endossará uma intervenção militar mais direta.
Netanyahu conduz, o Ocidente paga — e lucra
Enquanto Benjamin Netanyahu comanda os bombardeios, as potências europeias e os EUA garantem apoio diplomático, armas e silêncio da opinião pública ocidental. A equação é simples: Israel faz o trabalho sujo, o Ocidente colhe os frutos — petróleo, controle estratégico e hegemonia.
O que está em curso é mais que uma guerra. É uma operação explícita de imperialismo contemporâneo, disfarçada de defesa da “democracia” e dos “valores ocidentais”.
O Carioca Esclarece
O termo “guerra por procuração” descreve conflitos em que uma potência utiliza outro país como instrumento militar para atingir seus próprios interesses geopolíticos, evitando envolvimento direto.
Entenda o Caso
Por que o chanceler da Alemanha disse que Israel faz o “serviço sujo”?
Porque admitiu publicamente que a ofensiva israelense contra o Irã atende aos interesses estratégicos do G7 e do Ocidente, que preferem não se envolver diretamente no conflito.
Quais são os riscos dessa escalada entre Israel e Irã?
O risco principal é a expansão do conflito para toda a região do Oriente Médio, além do possível uso de armas de destruição em massa, afetando estabilidade global, mercados e segurança internacional.
O que significa guerra por procuração no contexto atual?
Significa que Israel está atuando como representante militar dos interesses dos EUA e da Europa na tentativa de enfraquecer o Irã, sem que as potências ocidentais precisem assumir os custos políticos e humanos diretamente.