O presidente Lula (PT) planeja alertar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante reunião presencial prevista para as próximas semanas, que uma ação militar estadunidense na Venezuela pode provocar instabilidade em toda a América Latina, segundo informações da Folha de S.Paulo.
O governo brasileiro avalia que qualquer intervenção armada teria efeitos desastrosos para a segurança regional, fortalecendo o crime organizado e o tráfico de drogas no continente.
Efeitos negativos de intervenção armada
De acordo com um alto funcionário do governo brasileiro, Lula deixará claro que um ataque ao território venezuelano pode “causar instabilidade em toda a região”. O presidente argumentará que tentativas de “mudança de regime” em Caracas podem produzir o efeito oposto ao que Trump alega buscar, ao aumentar tensões políticas e econômicas nos países vizinhos.
O Palácio do Planalto considera fundamental reforçar o diálogo diplomático com os Estados Unidos para evitar o agravamento da crise. Fontes do Itamaraty indicam que Lula vê o encontro como oportunidade para defender soluções negociadas e advertir sobre os riscos de medidas unilaterais.
Confirmação de operações secretas dos EUA na Venezuela
Na última quarta-feira (15), Trump confirmou ter autorizado a CIA, a agência de inteligência americana, a realizar “operações secretas” na Venezuela com o objetivo de derrubar o presidente Nicolás Maduro. O governo americano direcionou diversos navios de guerra para o mar do Caribe e mantém ao menos dez embarcações na região.
Segundo Washington, as ofensivas miram embarcações venezuelanas supostamente ligadas ao tráfico, classificadas como “narcoterroristas”. Essa escalada militar aumenta as tensões políticas e geopolíticas na América Latina, com potencial de desestabilizar a região.
Encontro ainda sem data oficial
Ainda não há data nem local definidos para a reunião entre Lula e Trump, que começou a ser articulada nos bastidores após conversa durante a Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. O governo brasileiro espera realizar o encontro ainda em 2025, buscando evitar interferências do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sobre a agenda bilateral.
Conforme fonte do Planalto, o Brasil conseguiu “descontaminar a agenda bilateral de assuntos de política interna” e aposta na aproximação para discutir a retirada de tarifas e sanções contra a Venezuela.
Possíveis locais da reunião
Há expectativa de que os presidentes possam se encontrar durante a reunião da Asean, na Malásia, nos dias 26 ou 27 de outubro. Caso isso não ocorra, o “plano B” seria um encontro na Cúpula das Américas, prevista para início de dezembro, em Punta Cana, República Dominicana.
Entretanto, a cúpula é vista com cautela pelo governo brasileiro, que considera controversa a decisão do governo dominicano, influenciado por pressões dos EUA, de não convidar Cuba, Venezuela e Nicarágua. Em protesto, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou boicote ao evento.

			
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
                               
                             
		
		
		
		
		
		
		
		