Rio de Janeiro – 6 de julho de 2025 – Em discurso duro e minucioso durante a cúpula do BRICS, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva denunciou o “colapso sem paralelo do multilateralismo” e condenou o genocídio em curso na Faixa de Gaza. Lula defendeu a reforma urgente do Conselho de Segurança da ONU e chamou à ação os países do Sul Global diante da paralisia internacional.
Multilateralismo em colapso e o fracasso da ONU
Durante a sessão “Paz e Segurança, Reforma da Governança Global”, Lula afirmou que a atual reunião do BRICS ocorre sob o cenário mais adverso desde a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), que completou 80 anos. Segundo o presidente, o direito internacional foi esvaziado, substituído pela escalada armamentista e pela militarização de agências internacionais como a Agência Internacional de Energia Atômica.
Ele lembrou fracassos sucessivos da comunidade internacional em Afeganistão, Líbia, Iraque e Síria, e afirmou que a ONU, hoje, é ignorada em decisões militares, reproduzindo um “enredo de paralisia e perda de credibilidade”.
Gaza e Palestina: Lula denuncia genocídio e cobra soberania
O trecho mais contundente do discurso abordou a situação na Faixa de Gaza. Lula repudiou os ataques do Hamas, mas enfatizou:
“Nada justifica as ações terroristas perpetradas pelo Hamas. Mas não podemos permanecer indiferentes ao genocídio praticado por Israel em Gaza, à matança de civis inocentes e ao uso da fome como arma de guerra.”
Lula defendeu a criação de um Estado Palestino soberano, dentro das fronteiras de 1967, e condenou a ocupação israelense.
Ucrânia, Irã e o papel do Sul Global
No mesmo tom, o presidente criticou as violações territoriais contra o Irã e defendeu uma solução negociada para a guerra na Ucrânia. Ele reforçou a atuação do Grupo de Amigos pela Paz, liderado por China e Brasil, e criticou o abandono internacional do Haiti após a MINUSTAH.
Reforma urgente: Conselho de Segurança sob ataque
Lula afirmou que a estrutura atual da ONU é “arcaica e excludente”, e propôs uma reforma profunda do Conselho de Segurança, com a inclusão de membros permanentes da Ásia, África e América Latina. Ele classificou a medida como uma “questão de sobrevivência” da ONU.
“Cada dia com uma estrutura internacional obsoleta é um dia perdido para resolver as crises que assolam a humanidade.”
A proposta integra o Chamado à Ação pela Reforma da Governança Global, liderado pelo Brasil no G20.
O Diário Carioca Esclarece
O que é o BRICS?
Grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros países em desenvolvimento, que busca fortalecer a multipolaridade global.
Por que Lula cita as fronteiras de 1967?
Essas são as fronteiras anteriores à ocupação israelense, reconhecidas como base para a solução de dois Estados pelo direito internacional.
O que é o Chamado à Ação?
Iniciativa brasileira no G20 que defende a reforma de instituições multilaterais como a ONU, tornando-as mais representativas.
FAQ
1. Qual foi a principal crítica de Lula à ONU?
Que o multilateralismo está falido e o Conselho de Segurança perdeu credibilidade ao ser manipulado por potências militares.
2. Lula acusou Israel de genocídio?
Sim. Condenou o terrorismo do Hamas, mas classificou as ações de Israel em Gaza como genocídio e violação grave do direito internacional.
3. Qual a proposta do Brasil para reformar a ONU?
Ampliar o Conselho de Segurança com representantes permanentes de regiões historicamente excluídas: África, Ásia e América Latina.