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Governo Lula tira o Brasil de aliança sobre Holocausto

Brasília, 25 de julho de 2025 — O governo Lula oficializou a saída do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), consolidando mudança de postura frente ao conflito em Gaza e ao alinhamento anterior com Israel.

Ruptura com o bolsonarismo na política externa

A saída do Brasil da IHRA representa um distanciamento explícito da política externa adotada por Jair Bolsonaro, que havia aderido à aliança sem consulta aos órgãos técnicos do Itamaraty. A IHRA é formada por 35 países-membros e nove observadores, e sua definição controversa de antissemitismo tem sido alvo de críticas por confundir posicionamentos políticos com preconceito religioso ou étnico.

Diplomatas brasileiros afirmam que a permanência do país na aliança comprometeria a possibilidade de críticas legítimas a violações cometidas pelo Estado de Israel. Em especial, a crítica se volta à tentativa de silenciar denúncias sobre abusos sistemáticos contra a população palestina sob ocupação militar.

Brasil endossa denúncia de genocídio em Gaza

A saída da IHRA ocorreu no mesmo momento em que o Brasil anunciou adesão formal à ação movida pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça da ONU. O processo acusa Israel de genocídio contra civis palestinos na Faixa de Gaza, onde dezenas de milhares de pessoas já foram mortas desde o fim de 2023. A decisão foi divulgada pelo Itamaraty na quarta-feira (23).

O governo brasileiro afirmou, em nota, que “não há mais espaço para ambiguidade moral nem omissão política” diante das mortes em Gaza e Cisjordânia. O texto aponta que os direitos do povo palestino à proteção contra genocídio estariam sendo “irreversivelmente prejudicados”, o que comprometeria a integridade do sistema multilateral de justiça.

Reações de Israel e desgaste diplomático

O Ministério das Relações Exteriores de Israel reagiu com hostilidade às decisões do governo Lula. Em publicação feita na quinta-feira (24), o governo israelense chamou as ações brasileiras de “imprudentes e vergonhosas” e acusou o país de “profunda falha moral”.

A chancelaria israelense alegou ainda que o Brasil teria rompido com o suposto consenso internacional sobre o combate ao antissemitismo, mesmo diante de uma crise existencial para o Estado de Israel. A retórica de Tel Aviv ignora, porém, a crescente mobilização internacional contra os crimes de guerra documentados por organizações independentes em Gaza e na Cisjordânia.

Disputa internacional por narrativas e direitos

O embate entre Brasil e Israel escancara um conflito mais profundo: o controle sobre a definição de genocídio e o uso político do antissemitismo para blindar governos acusados de crimes contra a humanidade. A crítica brasileira à definição da IHRA ecoa denúncias feitas por entidades judaicas progressistas e por juristas internacionais que rejeitam o uso instrumental do Holocausto para justificar apartheid e ocupação.

A diplomacia do governo Lula busca reconstruir pontes com o Sul Global, privilegiando alianças baseadas em direitos humanos e justiça internacional. O apoio à ação da África do Sul em Haia marca uma inflexão clara: não há mais concessões a regimes que instrumentalizam a memória histórica para perpetuar violência colonial.

Quadro de Perguntas e Respostas

Por que o Brasil saiu da Aliança para a Memória do Holocausto?
Porque a adesão foi feita sem os trâmites diplomáticos adequados e a definição de antissemitismo da IHRA é considerada excessivamente ampla.

A saída significa negar o Holocausto?
Não. A decisão não nega o Holocausto, mas questiona o uso político da memória para silenciar críticas ao governo de Israel.

Qual a relação com a ação contra Israel em Haia?
Ambas as decisões refletem o reposicionamento do Brasil na política externa e o apoio à responsabilização internacional por crimes de guerra.

O que diz a ação movida pela África do Sul?
A ação acusa Israel de cometer genocídio contra civis palestinos na Faixa de Gaza, e já conta com o apoio de diversos países.

Haverá impactos na relação entre Brasil e Israel?
Sim. As decisões brasileiras geraram críticas severas de Israel e tensionam a relação diplomática entre os dois países.

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Equipe de jornalistas do Jornal DC - Diário Carioca

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