O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fez um pronunciamento na noite de sexta-feira (5) alertando para o risco de um “conflito militar de grande impacto” entre Caracas e Washington. Em discurso diante da cúpula militar venezuelana, Maduro pediu que os Estados Unidos abandonem a política de hostilidade na região e acusou o governo de Donald Trump de buscar uma mudança de regime à força.
“O governo dos Estados Unidos deve abandonar seu plano de mudança violenta de regime na Venezuela e em toda a América Latina e o Caribe. Nenhuma das diferenças que tivemos poderia levar a um conflito militar de grande impacto ou à violência na América do Sul. Não há justificativa para isso”, afirmou o presidente, classificando a estratégia de Washington como “um beco sem saída”.
As declarações ocorreram horas após Trump autorizar o Exército dos EUA a abater caças venezuelanos que representem risco a embarcações militares no Caribe. O republicano também ordenou o envio de dez caças F-35 para a base de Porto Rico, onde já estão mobilizados sete navios de guerra e um submarino nuclear de ataque rápido. Segundo Washington, a operação faz parte do combate ao narcotráfico na região.
O clima se agravou depois que dois caças venezuelanos F-16 sobrevoaram o destróier USS Jason Dunham, em missão antidrogas. O Pentágono classificou o episódio como “altamente provocativo”, embora a embarcação não tenha reagido. Para especialistas, a rápida mobilização aérea dos EUA envia um recado de força diante das movimentações de Caracas.
Trump afirmou que não busca diretamente uma mudança de regime, mas classificou a reeleição de Maduro como “estranha” e acusou a Venezuela de enviar drogas e criminosos aos EUA. Além disso, Washington acusa o presidente venezuelano de comandar o Cartel de Los Soles, organização ligada ao narcotráfico, e oferece recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à sua captura — uma das medidas mais duras já tomadas contra um chefe de Estado em exercício.
Enquanto Caracas insiste na disposição para o diálogo, a crise militar no Caribe expõe a crescente tensão entre os dois países e levanta preocupações sobre os riscos de uma escalada armada em uma das regiões mais estratégicas do continente.


