Um plano pós-guerra para Gaza obtido pelo Washington Post detalha uma proposta do governo de Donald Trump para assumir a administração do território por pelo menos uma década.
O documento de 38 páginas, elaborado pela Gaza Humanitarian Foundation (GHF), um grupo com apoio de Washington e Israel, prevê a realocação “voluntária” de cerca de 2 milhões de habitantes e a reconstrução da região como um centro de turismo e indústria.
Deslocamento e incentivos financeiros
A proposta prevê o deslocamento da população para outros países ou áreas restritas dentro do próprio território durante o processo de reconstrução. Como incentivo, cada palestino receberia US$ 5 mil em dinheiro, além de subsídios de aluguel por quatro anos e um ano de alimentos.
O plano, batizado de “Gaza Reconstitution, Economic Acceleration and Transformation Trust” (GREAT Trust), ainda inclui a criação de grandes “Áreas de Trânsito Humanitário” para abrigar a população temporariamente. O projeto foi coordenado pela GHF com o apoio de militares israelenses e empresas privadas de segurança e logística dos EUA.

Disputa por ajuda humanitária
A GHF, que atua desde maio na distribuição de alimentos, tem sido criticada. A ONU relatou que mais de mil palestinos morreram tentando acessar ajuda em áreas controladas pelo grupo. Israel, por sua vez, defende a fundação, alegando que a ajuda humanitária coordenada pela ONU seria desviada por militantes. A Casa Branca e o Departamento de Estado não comentaram oficialmente o plano.

Em fevereiro, o presidente Donald Trump já havia expressado publicamente a ideia de que os EUA deveriam “assumir” Gaza para transformá-la na “Riviera do Oriente Médio”, provocando forte reação de comunidades palestinas e organizações humanitárias. Enquanto isso, o gabinete de segurança do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se reuniu para discutir a intensificação de operações militares e a suspensão de pausas humanitárias na região.