O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou neste domingo (12) que a campanha militar em Gaza ainda não terminou, mesmo após o acordo de cessar-fogo e a prevista libertação de 20 reféns israelenses mantidos pelo Hamas.
A declaração foi feita às vésperas da entrega dos sequestrados, em meio à entrada de caminhões de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Este posicionamento reforça a postura firme de Israel na política internacional e evidencia tensão sobre a aplicação do cessar-fogo.
Netanyahu classificou a devolução dos reféns como “um evento histórico” e “uma noite de lágrimas e felicidade”, destacando que o momento marca “o início de uma nova jornada”.
O premiê também pediu união interna, afirmando que “as vitórias conquistadas com força conjunta surpreenderam o mundo inteiro”.
Analistas apontam que o discurso possui duplo sentido: reforça a força de Israel e busca conter a oposição interna, em um contexto de grande atenção da imprensa internacional e organismos de direitos humanos.
Nos últimos dois anos, ofensivas israelenses praticamente aniquilaram a estrutura militar do Hamas em Gaza. Parte da liderança do Hezbollah foi morta no Líbano, e rebeldes houthis, no Iêmen, sofreram perdas.
Embora o cenário fortaleça politicamente Netanyahu, também aumentou a pressão internacional sobre Israel diante das denúncias de abusos contra civis palestinos, tema relevante para debates sobre diplomacia e direitos humanos.
A libertação dos reféns deve ocorrer nesta segunda-feira (13) em Re’im, sul de Israel. O Hamas, no entanto, tenta renegociar a lista de prisioneiros palestinos a serem soltos, exigindo a inclusão de nomes de alto perfil como Marwan Barghouti e Ahmad Saadat, líderes históricos da resistência palestina. Israel rejeita incluir figuras políticas de peso, e o impasse pode atrasar a operação, aumentando a complexidade do acordo de paz.
Enquanto isso, dezenas de caminhões de ajuda humanitária entraram em Gaza neste domingo, no terceiro dia do cessar-fogo. O Unicef afirmou que o fluxo de suprimentos ainda é insuficiente para atender às necessidades básicas da população após dois anos de bloqueio e bombardeios.
“Israel precisa abrir mais passagens para entrada de ajuda”, disse James Elder, porta-voz do órgão, à BBC News.
A situação evidencia desafios críticos de economia humanitária e logística em Gaza.
A segunda fase do acordo de paz, que prevê o desarmamento do Hamas e a criação de um conselho civil em Gaza, é descrita por negociadores como “mais complexa e difícil”. Enquanto Israel mantém o discurso de que “a guerra não acabou”, agências humanitárias alertam para risco de colapso social, com falta de alimentos, medicamentos e energia elétrica.


