Palestinas organizadas no Brasil propõem um movimento de pressão contra Israel inspirado na campanha de boicote ao apartheid na África do Sul. Soraya Misleh destaca a responsabilidade do Brasil em romper relações com Israel e compartilha experiências pessoais sobre sua conexão com a Palestina. O movimento visa aumentar a visibilidade das mulheres palestinas e abordar questões históricas relacionadas à expulsão da população palestina
São Paulo – Brasil – Palestinas organizadas no Brasil propõem um movimento de pressão contra Israel, similar à campanha de boicote ao apartheid na África do Sul.
A coordenadora da Frente em Defesa do Povo Palestino SP, Soraya Misleh, enfatizou a responsabilidade dos Estados em relação à convenção para a prevenção e repressão ao genocídio. “O Brasil é signatário desde 1952. Então, precisa romper relações com Israel”, afirmou.
Em uma entrevista à colunista Bianca Santana, da Folha, Soraya compartilhou que resistir significa muito mais do que apenas protestar.
“Algumas vezes, resistir é uma jovem tocar alaúde para distrair crianças palestinas do som das bombas. Resistir é transformar as associações de mulheres em Gaza em centros para atender feridos”, disse ela.
Soraya, que é jornalista palestino-brasileira e possui mestrado e doutorado em estudos árabes pela USP, já esteve três vezes na Palestina.
Experiências Pessoais
Soraya relatou que conheceu a aldeia onde seu pai nasceu em 2010, após ser expulso com a família aos 13 anos.
“A aldeia do meu pai foi uma das cerca de 500 destruídas em 1948. Quando fui pra lá, ele me pediu duas coisas: terra e azeite”, contou.
Em tentativas posteriores de retornar, Israel proibiu sua entrada, alegando que ela representava uma ameaça à segurança por ser palestina e jornalista.
Visibilidade das Mulheres Palestinas
Soraya destacou que, apesar da intensa cobertura da imprensa sobre a região, a perspectiva das mulheres palestinas frequentemente não aparece.
O objetivo do movimento é pressionar Israel de maneira semelhante ao boicote que ocorreu na África do Sul nos anos 1990. “Todos os Estados têm responsabilidade com a convenção para a prevenção e repressão ao genocídio”, reiterou.
A colunista Bianca Santana mencionou que tem ouvido diversas vozes, incluindo palestinos, israelenses e brasileiros, com diferentes pontos de vista políticos. Ela ressaltou que a defesa da coexistência pacífica entre dois Estados é uma proposta comum entre vários grupos.
Contexto Histórico
Soraya também fez um relato histórico sobre a expulsão de seu pai e outros palestinos em 1948. “Meu pai foi um dos 800 mil palestinos expulsos das suas terras violentamente, quando Israel se criou sobre os corpos palestinos”, afirmou. Ela destacou o impacto contínuo dessa fragmentação na sociedade palestina.
Bianca Santana acrescentou que a violência anterior ao dia 7 de outubro de 2023 tem pouca visibilidade no debate público, mas é fundamental para entender o contexto atual. “No último ano, 11 mil mães palestinas perderam suas crianças em Gaza”, disse ela, enfatizando a necessidade de solidariedade e luta organizada pelo cessar-fogo e pela paz.
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Perguntas Frequentes sobre o Movimento
O que as palestinas no Brasil estão propondo?
Elas sugerem um movimento de pressão contra Israel inspirado na campanha de boicote ao apartheid na África do Sul.
Quem é Soraya Misleh?
Soraya é coordenadora da Frente em Defesa do Povo Palestino SP e possui mestrado e doutorado em estudos árabes pela USP.
Qual é a responsabilidade do Brasil segundo Soraya?
Ela afirma que o Brasil deve romper relações com Israel devido à sua assinatura da convenção para a prevenção e repressão ao genocídio.
Que experiências pessoais Soraya compartilhou?
Ela relatou suas tentativas de visitar a aldeia onde seu pai nasceu e as dificuldades enfrentadas por ser considerada uma ameaça à segurança.
Com informações da Folha de S. Paulo.