Moscou – O governo russo reagiu nesta quinta-feira (6) ao discurso do presidente da França, Emmanuel Macron, classificando suas declarações como uma “ameaça direta”. Macron afirmou que considera colocar o arsenal nuclear francês à disposição de aliados europeus, caso a Rússia amplie suas ações militares. A resposta veio do porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, que condenou o tom “altamente combativo” do pronunciamento e acusou Paris de buscar prolongar a guerra na Ucrânia.
Peskov criticou a posição de Macron, alegando que suas falas não condizem com um líder que busca a paz. Segundo ele, a Rússia não recebeu respostas sobre suas preocupações com a expansão da OTAN para o leste europeu.
Rússia reage e eleva o tom
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, também atacou Macron, chamando-o de “charlatão” e acusando-o de estar “desconectado da realidade”. O governo russo afirmou que considera “inaceitável” qualquer presença de tropas da OTAN na Ucrânia, pois isso significaria a entrada oficial da aliança militar na guerra.
Vladimir Putin, por sua vez, ameaçou responder com força caso a França avance com a ideia de enviar tropas ou utilizar armas nucleares como medida de dissuasão. “A resposta russa a qualquer intervenção ocidental é óbvia para todos”, alertou o Kremlin.
Macron defende ampliar proteção nuclear
Durante seu pronunciamento na quarta-feira (5), Macron enfatizou que a ameaça russa à Europa é real. Ele apontou que Moscou segue expandindo suas forças militares, com planos de aumentar seu exército em 300 mil soldados, 3.000 tanques e 300 caças até 2030.
O presidente francês afirmou que pretende debater com líderes europeus a possibilidade de usar o arsenal nuclear da França como ferramenta de proteção continental. Desde a saída do Reino Unido da União Europeia, o país é o único membro do bloco com armamento nuclear.
Relação com a OTAN e os Estados Unidos
Macron também criticou a política externa dos Estados Unidos, especialmente sob a administração Donald Trump. Segundo ele, a falta de compromisso de Washington com a segurança europeia torna necessária uma postura mais ativa dos países do continente. “A decisão final sobre a proteção de nossos aliados sempre esteve e sempre estará nas mãos do Presidente da França”, afirmou.