Foguete da SpaceX explode mais uma vez e atrasa missão à Lua e Marte

Starship, projeto bilionário de Elon Musk, sofre nova explosão no Texas e coloca em xeque planos de exploração espacial.

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Foto: Jared Krahn - Wikimedia Commons

19 de junho de 2025 — Texas, EUA. O projeto espacial mais ambicioso da SpaceX, comandado por Elon Musk, sofreu um novo revés. O foguete Starship, considerado essencial para futuras missões à Lua e Marte, explodiu durante um teste realizado na base Starbase, no estado do Texas, nesta quarta-feira (18).

A própria empresa confirmou o incidente, atribuindo a falha a uma “grande anomalia” registrada poucos minutos após o início dos procedimentos de lançamento. Apesar do acidente, a SpaceX garantiu que todos os funcionários estavam em segurança e que uma área de proteção foi mantida isolada durante todo o teste.

“Solicitamos que ninguém tente se aproximar da região”, comunicou a empresa nas redes.

Explosão expõe fragilidade do projeto Starship

O Starship possui altura equivalente a um prédio de 40 andares e é o maior foguete já desenvolvido pela humanidade. A nave integra os planos da SpaceX para realizar missões tripuladas fora da Terra, com destino à Lua, Marte e outros pontos do sistema solar.

No entanto, as sucessivas falhas vêm atrasando cronogramas e aumentando as dúvidas sobre a viabilidade do projeto. Esta explosão marca o décimo teste malsucedido da nave, reacendendo críticas da comunidade científica e colocando pressão sobre os contratos firmados com a NASA, que prevê o uso da Starship em futuras missões lunares.

Histórico de falhas acumuladas

O fracasso desta quarta-feira não é um caso isolado. A série de problemas técnicos tem sido constante:

DataResultado
Janeiro 2025Explosão após decolagem
Março 2025Desintegração da parte superior no ar
Maio 2025Chegou ao espaço, mas explodiu na reentrada
Junho 2025Explosão durante teste na base do Texas

Nos testes de janeiro e março, o foguete sofreu falhas estruturais logo após a decolagem, gerando uma chuva de destroços sobre o mar do Caribe. Em maio, o lançamento parecia promissor, com a nave alcançando o espaço, mas a explosão na fase de reentrada confirmou que a engenharia do projeto segue instável.

Agora, em junho, a explosão antes mesmo da decolagem intensifica as dúvidas sobre a robustez da tecnologia desenvolvida pela SpaceX.

Impacto nos planos para Lua e Marte

O cronograma da NASA para retorno à Lua, dentro do programa Artemis, depende diretamente do sucesso do Starship, que foi escolhido como veículo de pouso lunar. Além disso, os próprios planos da SpaceX de colonização de Marte, alardeados por Elon Musk desde 2020, tornam-se cada vez mais distantes diante de uma sequência tão longa de fracassos.

O foguete deveria ser capaz de suportar cargas pesadas, transportar até 100 pessoas e realizar pousos precisos tanto na Lua quanto em Marte. Até agora, nenhum dos testes foi capaz de provar plenamente a viabilidade dessas operações.

SpaceX mantém discurso otimista

Mesmo após mais uma explosão, a SpaceX mantém o discurso de que as falhas fazem parte do processo de desenvolvimento. A empresa afirmou que irá analisar os dados do teste para corrigir os problemas e seguir com os próximos lançamentos.

No entanto, até o momento, nenhum detalhe técnico sobre a “anomalia” foi divulgado.

A pressão aumenta sobre Elon Musk

Além do impacto financeiro, que já ultrapassa US$ 5 bilhões investidos apenas no programa Starship, cresce também a pressão pública sobre Elon Musk, que enfrenta críticas não só pela condução da SpaceX, mas também por problemas administrativos em outras de suas empresas, como Tesla e X (ex-Twitter).

O fracasso recorrente começa a gerar desconforto entre investidores, agências espaciais e até entre entusiastas da exploração espacial, que veem os atrasos como sinal de que a promessa de viagens interplanetárias pode ser mais distante do que se imagina.

A corrida espacial do século XXI, que parecia prestes a alcançar novos mundos, hoje enfrenta os limites impostos pela própria tecnologia.


O Carioca Esclarece
Foguetes experimentais costumam passar por várias falhas antes de alcançar pleno funcionamento. No entanto, a sucessão de explosões da Starship coloca em risco contratos bilionários com a NASA e compromete prazos para missões à Lua e Marte.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.