Brasília, 13 de junho de 2025 – O ativista brasileiro Thiago Ávila, integrante da Flotilha da Liberdade, chegou ao Brasil nesta sexta-feira trazendo no corpo e na alma as marcas da prisão ilegal e dos maus-tratos sofridos sob custódia do Estado de Israel. Detido enquanto participava de uma missão humanitária rumo à Faixa de Gaza, Ávila denuncia ao Diário Carioca que foi submetido a condições análogas à tortura.
As imagens de hematomas e lesões reveladas por ele expõem uma realidade que, segundo suas palavras, “não se vê na superfície”. “Eles nos colocaram em verdadeiras masmorras medievais, com celas infestadas de percevejos, sem água potável e sem qualquer condição sanitária”, relatou o ativista.
“É uma tortura institucionalizada”
De acordo com Ávila, o sofrimento físico era agravado pela tortura psicológica imposta pelos agentes israelenses. “O isolamento, as ameaças constantes, a ausência de qualquer contato externo… Tudo isso é planejado para quebrar a resistência das pessoas”, afirmou em entrevista exclusiva ao Diário Carioca.
Embora tenha conseguido retornar ao Brasil, ele alerta que três integrantes da missão permanecem detidos em Israel, enfrentando o mesmo cenário de violações. O caso ocorre em meio à escalada de tensões na região, especialmente após os recentes confrontos entre Israel e Irã.
Prisões ilegais e violação do direito internacional
Organizações como a Anistia Internacional, a Human Rights Watch e o próprio comitê da Flotilha da Liberdade denunciam que as prisões são ilegais, arbitrárias e afrontam tratados internacionais sobre direitos humanos.
“O que Israel faz é uma prática sistemática de criminalizar a solidariedade internacional e punir quem ousa desafiar seu bloqueio criminoso contra o povo palestino”, afirma o relatório publicado nesta sexta-feira, que exige a libertação imediata dos detidos.
O que é a Flotilha da Liberdade?
A Flotilha da Liberdade é uma iniciativa global que há anos tenta furar, de forma pacífica, o cerco imposto à Faixa de Gaza — um bloqueio considerado ilegal por diversas entidades internacionais. A missão busca levar alimentos, medicamentos e outros insumos básicos à população palestina, que vive sob severas restrições impostas por Israel há mais de 17 anos.
“Eles tentam nos apresentar como criminosos, mas somos ativistas comprometidos com a vida e a dignidade humana”, reforça Thiago.
Israel mira a solidariedade como inimiga
Para especialistas ouvidos pelo Diário Carioca, o ataque aos ativistas não é um caso isolado. “Israel vem sistematicamente tentando sufocar qualquer tipo de mobilização internacional em defesa do povo palestino. Seja criminalizando ONGs, seja atacando jornalistas, ou, como agora, torturando ativistas humanitários”, explica a pesquisadora em direitos humanos Carla Meneses, da USP.
As marcas físicas e psicológicas ficam
Ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Brasília, Thiago exibia hematomas nos braços, nas pernas e nas costas. Mas, segundo ele, o pior não são as marcas visíveis. “O trauma que fica é de entender que a crueldade é política, é uma decisão de Estado”, afirma.
Apesar disso, ele garante que não vai se calar. “Seguiremos denunciando, lutando e nos solidarizando com o povo palestino.”
A pressão internacional cresce
Diplomatas brasileiros e organizações civis pressionam o governo de Israel para a imediata libertação dos três ativistas que seguem presos. O Itamaraty, no entanto, adota uma postura tímida, limitada a notas diplomáticas que, até agora, não surtiram efeito.
O Carioca Esclarece
O bloqueio à Faixa de Gaza, imposto por Israel desde 2007, é considerado uma violação do direito internacional por entidades como a ONU e a Corte Internacional de Justiça.
Entenda o Caso
Por que Israel prendeu os ativistas da Flotilha da Liberdade?
Israel alega que qualquer tentativa de furar o bloqueio à Gaza viola suas leis internas, embora isso contrarie o direito internacional.
O que diz o direito internacional sobre o bloqueio à Faixa de Gaza?
O bloqueio é amplamente considerado uma forma de punição coletiva, proibida pela Convenção de Genebra e por resoluções da ONU.
Qual é a situação dos ativistas ainda presos?
Três ativistas permanecem detidos em Israel, em condições denunciadas como desumanas. Organizações exigem sua libertação imediata.