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Atravancando o Progresso

O Enigma da Direita Enrustida: A Ascensão e o Poder Inabalável do Centrão

Publicado em

Atualizado em 25/11/2025 01:42

A Força Gravitacional da Política Brasileira

O Centrão é, talvez, a força mais comentada e menos compreendida da República. Na política brasileira, ele opera não como um partido, nem como uma ideologia, mas como a força gravitacional que atrai e estabiliza (ou colapsa) qualquer governo.

Leia também: Hugo Motta e o Novo Pragmatismo do Centrão: O Xadrez do PP para 2026 e a Sucessão de Lira

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Seu enigma central reside na sua capacidade de ser ideologicamente amorfo. Ele se traveste, mudando de face – da esquerda à direita – enquanto suas demandas essenciais permanecem as mesmas: recursos e cargos.

O fato incontestável é que, no sistema fragmentado do Brasil, a governabilidade sem o Centrão é impossível. Com ele, o presidente se torna refém. Para entender essa dinâmica histórica, veja a nossa análise completa sobre **a Cronologia das Concessões: como o Centrão se tornou indispensável de FHC a Lula**.

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Este artigo se aprofunda na estrutura inabalável que transformou um grupo de deputados em um Quarto Poder informal, capaz de ditar a agenda nacional, frear reformas e, essencialmente, garantir sua própria sobrevivência e o acesso ininterrupto ao cofre público.

Este artigo se aprofunda na estrutura inabalável que transformou um grupo de deputados em um Quarto Poder informal, capaz de ditar a agenda nacional, frear reformas e, essencialmente, garantir sua própria sobrevivência e o acesso ininterrupto ao cofre público.

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O fato incontestável é que, no sistema fragmentado do Brasil, a governabilidade sem o Centrão é impossível. Com ele, o presidente se torna refém. Este artigo se aprofunda na estrutura inabalável que transformou um grupo de deputados em um Quarto Poder informal, capaz de ditar a agenda nacional, frear reformas e, essencialmente, garantir sua própria sobrevivência e o acesso ininterrupto ao cofre público.


A Gênese do Poder: Como o Centrão se Tornou Essencial

O Centrão não é uma aberração, mas uma resposta estrutural à complexidade e às falhas crônicas do sistema político-partidário brasileiro. Sua origem remonta ao período pós-redemocratização, quando o excessivo número de partidos e a fidelidade partidária frouxa criaram um ambiente de fragmentação crônica no Congresso Nacional.

O Berço: Da Constituição de 1988 aos Anos 90

O embrião do Centrão surgiu durante a Assembleia Constituinte de 1988. Inicialmente, era um bloco informal de deputados e senadores, majoritariamente conservadores e alinhados com a ordem, que se uniu para frear pautas progressistas. O nome “Centrão” nasceu ali, designando um grupo coeso que usava sua massa crítica para barganhar.

O sistema eleitoral brasileiro — com listas abertas e a proliferação facilitada de partidos pequenos — fez o resto. Ele tornou a formação de maiorias estáveis no Congresso uma tarefa hercúlea para qualquer presidente eleito. O Centrão posicionou-se, então, como a única ponte capaz de ligar o Executivo à maioria legislativa necessária para aprovar qualquer medida, cobrando um preço por essa infraestrutura de governança.

O Mecanismo: O Uso Estratégico de Emendas e Cargos

O motor do Centrão não é ideologia, mas o controle do Orçamento. Os membros desse bloco trocaram a bandeira política pelo acesso a recursos federais que podem ser diretamente canalizados para suas bases eleitorais.

  1. Emendas Parlamentares (O Dinheiro): O principal instrumento de poder é o sistema de emendas parlamentares, que ganhou notoriedade com o infame Orçamento Secreto (RP9) e as Emendas de Relator. Isso dá aos líderes do Centrão poder direto sobre a distribuição de verbas, permitindo-lhes construir obras e serviços em suas cidades natais. Essa capilaridade de recursos fideliza a base eleitoral sem que os deputados precisem se responsabilizar diretamente pela política macroeconômica.
  2. Cargos de Segundo Escalão (O Poder Local): O outro pilar é o controle sobre cargos de segundo e terceiro escalão em estatais, superintendências regionais e autarquias. Tais posições garantem o fluxo de informações, a execução de projetos e a influência local (o chamado “empreguismo”), cimentando o poder em suas bases municipais, longe dos holofotes da imprensa nacional.

🏛️ O Enigma da Direita Enrustida: A Ascensão e o Poder Inabalável do Centrão


O Freio Estrutural: Por Que o Centrão Impede o Progresso

O Centrão não apenas negocia governabilidade; ele freia o avanço nacional como uma estratégia de autopreservação. Sua ideologia não é a do conservadorismo social ou liberalismo econômico, mas sim a do status quo — a manutenção de um sistema que garante o fluxo de recursos e o poder de barganha, independentemente de quem esteja no Executivo.

Hugo Motta - © Lula Marques/Agência Brasil
Hugo Motta – © Lula Marques/Agência Brasil

O Orçamento Como Arma: A Opacidade das Emendas e o Freio Fiscal (H3)

A forma mais corrosiva de atuação do Centrão é o sequestro da agenda orçamentária. As emendas (notavelmente as de relator, agora extintas mas substituídas por outras formas de execução discricionária) transformam o Orçamento Federal em um balcão de negócios, e não em um planejamento estratégico de Estado.

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Essa opacidade e o uso do recurso público para fins estritamente eleitorais têm duas consequências devastadoras:

  1. Paralisação de Projetos Estruturais: Grandes reformas estruturais (fiscal, administrativa ou tributária) que poderiam modernizar a economia são sistematicamente atrasadas ou desidratadas para proteger interesses regionais ou empresariais ligados aos membros do bloco.
  2. Imposição de Freio Fiscal: O volume de recursos exigido em troca de apoio torna a gestão fiscal do país uma corda bamba. O Centrão exerce uma pressão constante pelo aumento de gastos ou pela flexibilização de tetos, dificultando o controle da dívida pública e a estabilidade econômica de longo prazo.

A Batalha Judicial: A Resistência ao STF e a Defesa da ‘Autonomia’

A verdadeira linha ideológica do Centrão aparece quando seus interesses de poder são ameaçados, especialmente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que historicamente tem atuado como moderador nos excessos do Legislativo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o advogado-geral da União, Jorge Messias • Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o advogado-geral da União, Jorge Messias • Marcelo Camargo/Agência Brasil

O conflito não é sobre pautas morais ou jurídicas complexas; é sobre o controle do Orçamento e a proteção de seus líderes. A resistência à indicação de Ministros, como o caso do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao STF em 2024, é um exemplo claro. A pressão sobre o Executivo para que indicasse um nome “menos alinhado” com a visão de austeridade ou de enfrentamento ao Orçamento Secreto era uma defesa do sistema de emendas. O Centrão busca garantir que o STF não avance sobre as áreas cinzentas da legislação que lhe garantem o acesso ao dinheiro.

Davi Alcolumbre
Davi Alcolumbre

A Falácia da Governabilidade: Custos do Acordo Político

A justificativa histórica do Centrão é a “governabilidade”. Eles argumentam que, sem a sua coalizão, o país se torna ingovernável. Contudo, essa governabilidade tem um preço exorbitante: o avanço lento, a corrupção endêmica em cargos de segundo escalão e o desvio de prioridades nacionais para atender a currais eleitorais. O Centrão não resolve a instabilidade; ele a monetiza.

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Oportunismo de Poder: A Relação com a Extrema-Direita

A aliança do Centrão com o bolsonarismo é o exemplo mais nítido de seu pragmatismo frio. O bloco não compartilha dos valores ideológicos da extrema-direita, mas viu no ex-presidente uma oportunidade única de maximizar seu controle sobre o Orçamento e os cargos.

Jair Bolsonaro | Crédito: Reprodução
Jair Bolsonaro | Crédito: Reprodução

A Mão que Abriu a Porta: Cargos e Apoio em Troca de Sobrevivência (H3)

Quando Jair Bolsonaro foi eleito em 2018 com um discurso “anti-política” e “anti-Centrão”, a relação era de animosidade. No entanto, o fracasso de Bolsonaro em articular uma base própria fez com que ele cedesse.

A partir de 2020, o Centrão — liderado por figuras como Ciro Nogueira (PP) e Arthur Lira (PP) — tomou as rédeas do governo, trocando apoio no Congresso por:

  1. Cargos-Chave: Assumiram ministérios e órgãos vitais como a Funasa e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), garantindo o controle sobre verbas bilionárias.
  2. Orçamento Secreto: Este foi o auge do poder, dando ao Centrão o controle quase total sobre as emendas, mantendo Bolsonaro imune a pedidos de impeachment.

O Centrão não salvou a ideologia de Bolsonaro; salvou o seu mandato em troca de dinheiro, pavimentando o caminho para a sobrevivência da extrema-direita no cenário político.

Isolamento e Cálculo: A Articulação para 2026 (H3)

Com a prisão de Bolsonaro, o Centrão demonstrou mais uma vez sua maestria na arte do desapego. Seu foco se move instantaneamente para a próxima negociação de poder.

Ciro Nogueira - © Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ciro Nogueira – © Marcelo Camargo/Agência Brasil

A estratégia atual para 2026 é o isolamento gradual do bolsonarismo puro em favor de um nome que ofereça mais previsibilidade e menos risco jurídico. A articulação em torno de nomes como Tarcísio de Freitas (Republicanos/SP), com a intenção de emplacar um vice do próprio bloco, é um movimento clássico do Centrão para:

  • Manter a Base: Atrair votos da direita moderada e do agremiação bolsonarista que busca um candidato mais “palatável”.
  • Garantir o Acesso: Ter um presidente que já tem o DNA de um partido alinhado com o Centrão, garantindo a continuidade do esquema de distribuição de cargos e verbas.

A Tática de Pressão: Instabilidade Como Moeda de Troca

O Centrão é um mestre em usar a instabilidade política como forma de forçar concessões do Executivo. Se o apoio é o oxigênio do governo, o bloqueio da pauta é o freio de emergência.

Deputados bolsonaristas durante motim na Câmara, em agosto. Foto: José Cruz/Agência Brasil
Deputados bolsonaristas durante motim na Câmara, em agosto. Foto: José Cruz/Agência Brasil

O Rompimento Estratégico: Quando a Crise é a Negociação

A ameaça de rompimento é uma tática de negociação calibrada. Em governos recentes, líderes como Hugo Motta (Republicanos/PB) transformaram a frustração com “acordos não cumpridos” em manchetes de crise.

Essas tensões quase nunca levam a uma ruptura total, mas servem para:

  • Pressionar por Mais: Sinalizar que o preço do apoio subiu, exigindo mais cargos ou liberação mais rápida de emendas.
  • Demonstrar Força: Lembrar o Executivo e a opinião pública de que o Congresso é o árbitro final da agenda.

A instabilidade, para o Centrão, não é um risco; é uma moeda de troca altamente valorizada.

O Poder da Pauta: Usando o Legislativo Contra o Planalto

O poder de travar a pauta da Câmara dos Deputados e do Senado é a maior arma do Centrão. Se o governo não cede, projetos essenciais (como o Arcabouço Fiscal ou medidas provisórias cruciais) são adiados, minando a capacidade do Executivo de cumprir promessas e gerando desgaste com a base aliada.

Foto: Câmara dos Deputados
Foto: Câmara dos Deputados

Essa “guerra de pautas” é travada longe dos olhos do público, mas é a maneira mais eficaz de o Centrão garantir que suas demandas sejam sempre atendidas em primeiro lugar, antes dos interesses do país.


Um Futuro Sem Freios?

A história do Centrão é a história de um sistema que se adapta para sobreviver e se perpetuar. Não se trata de uma direita ideológica, mas de uma Direita Enrustida no Fisiologismo, cuja única pauta é a defesa de seu nicho de poder e a manutenção de um Orçamento fragmentado e opaco.

O Centrão pavimentou o caminho para a Extrema-Direita ao priorizar o acesso ao dinheiro e aos cargos acima da estabilidade democrática. Ao se aliar a Bolsonaro, o bloco provou que o princípio da governabilidade será sempre subordinado ao princípio da autopreservação.

O Último Veredito: Por Que Seus Atos Nunca Fizeram o Brasil Avançar

O Brasil só poderá superar a sua estagnação crônica quando conseguir enfrentar a raiz do problema: a estrutura que alimenta o Centrão. Isso exige não apenas a punição de atos ilegais (como nos escândalos passados), mas uma Reforma Política profunda.

Lula

A chave está em reduzir o poder discricionário sobre o Orçamento e fortalecer a fidelidade partidária, forçando os eleitos a defenderem plataformas programáticas claras, e não apenas a distribuição de verbas.

Até lá, o Centrão continuará sendo a força inabalável que garante que, por mais que os ventos da mudança soprem na política brasileira, o movimento real do país seja sempre lento, caro e voltado para os seus próprios interesses.

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