O Pragmatismo Sai Caro
A “governabilidade” vendida pelo Centrão tem um preço que vai muito além das crises políticas e dos escândalos de corrupção.
O custo mais profundo é o econômico e social. O bloco, por sua própria natureza de defesa do status quo e do acesso ao cofre, opera como um freio estrutural que impede o Brasil de avançar em reformas essenciais.
Este artigo detalha como o sistema de barganha, baseado em cargos e emendas, mina a eficiência do Estado e condena o país à estagnação, sacrificando o desenvolvimento de longo prazo em troca da sobrevivência política imediata de seus membros.
O Sacrifício da Gestão Pública
O loteamento de cargos é a base do poder do Centrão, mas é o maior veneno para a máquina pública, transformando o investimento em desperdício.
A Ineficiência do Segundo Escalão
Quando posições estratégicas em autarquias, superintendências regionais e diretorias de estatais são preenchidas por critérios políticos (fisiológicos) e não técnicos, a capacidade de execução do governo despenca. Programas sociais, obras de infraestrutura e projetos de longo prazo ficam submetidos a:
- Interesses Locais: Projetos são priorizados com base no retorno eleitoral para o deputado, e não na necessidade real da região ou do país.
- Desperdício e Abandono: A falta de expertise técnica e a troca constante de gestores resulta em obras inacabadas, compras ineficientes e desvio de foco de agências como o Dnit e a Funasa.
O resultado é que o dinheiro público investido sob a influência do Centrão tem um rendimento social e econômico muito inferior ao necessário para tirar o país da crise.
A Paralisia Reformista
A pauta do Centrão é, em essência, conservadora em relação à estrutura de poder. Qualquer reforma que vise reduzir a burocracia, aumentar a eficiência fiscal ou diminuir o poder discricionário do Executivo é sistematicamente travada.
O Veto à Reforma Administrativa
A Reforma Administrativa (que visa reduzir o gasto com a folha de pagamento e aumentar a meritocracia no funcionalismo) é um alvo constante de sabotagem. O motivo é simples: o controle do Executivo sobre o funcionalismo de segundo escalão e a capacidade de nomear apadrinhados são a garantia de sua base política. Reduzir esse poder é atacar o coração do fisiologismo que mantém o bloco vivo.
O Freio na Agenda Fiscal
Embora a Reforma Tributária tenha avançado, o Centrão sempre garante que o texto final preserve nichos de interesse e benefícios fiscais que alimentam suas bases empresariais ou regionais. Além disso, o bloco exerce uma pressão constante por aumentar o volume de emendas de execução obrigatória, dificultando o controle da dívida pública e impondo um freio fiscal constante ao Executivo.
A Solução: A Necessidade de Reformas Estruturais
O único caminho para desmantelar o poder do Centrão é atacar as raízes que o nutrem: a fragmentação partidária e o uso discricionário do Orçamento.
O Brasil só poderá superar a sua estagnação crônica quando conseguir aprovar uma Reforma Política profunda, que:
- Fortaleça os Partidos: Reduzindo o número de legendas e forçando a fidelidade partidária.
- Elimine o Fisiologismo: Tornando a distribuição de verbas mais transparente, técnica e menos dependente de negociações individuais com deputados.
Sem isso, a “Direita Enrustida” continuará sendo o freio inabalável que garante que, por mais que os ventos da mudança soprem, o movimento real do país será sempre lento, caro e voltado para os seus próprios interesses.
LEIA MAIS: O custo do Centrão é a principal causa da lentidão do Brasil. Para entender a origem e o desenvolvimento desse poder, leia o Artigo do Diário Carioca: O Poder Inabalável do Centrão e a Ascensão da Direita Enrustida.




