Berlim/Durham, 28/09/2025 – Estruturas bélicas abandonadas após as grandes guerras do século XX estão sendo transformadas em berçários naturais.
Dois estudos divulgados na revista Nature mostram que tanto um depósito de munições da Segunda Guerra Mundial no Mar Báltico, quanto a chamada “Frota Fantasma” em Mallows Bay (EUA), se tornaram refúgios de vida marinha, desafiando expectativas sobre os impactos tóxicos desses ambientes.
Natureza reconquista territórios bélicos
Pesquisadores do Departamento de Investigação Marinha Senckenberg am Meer, na Alemanha, e da Universidade Duke, nos Estados Unidos, analisaram locais marcados por ogivas e embarcações afundadas. Apesar da presença de compostos explosivos como TNT e RDX, em concentrações que chegaram a 2,7 miligramas por litro, os cientistas observaram uma fauna abundante e adaptada.
As estruturas metálicas serviram como substrato sólido, oferecendo abrigo e condições para o desenvolvimento de organismos bentônicos, em contraste com os fundos arenosos instáveis.
Risco e oportunidade
No Mar Báltico, as munições descartadas formaram um ecossistema peculiar, com alta densidade de espécies marinhas. Já em Mallows Bay, onde navios da Primeira Guerra foram propositalmente afundados nos anos 1920, a chamada “Frota Fantasma” tornou-se um dos maiores cemitérios navais do mundo e, hoje, uma reserva ecológica protegida.
Os pesquisadores reconhecem que a introdução de substratos artificiais pode alterar o equilíbrio dos ecossistemas e até favorecer espécies invasoras. Ainda assim, destacam que, em certos contextos, a presença dessas estruturas pode auxiliar na recuperação ambiental e na criação de habitats próximos às condições originais.

