A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram nesta terça-feira (19) a Operação Kibali, que investiga fraudes em licitação, peculato e associação criminosa no antigo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).
A pasta era comandada por Damares Alves (Republicanos-DF) durante o governo de Jair Bolsonaro. Atualmente senadora, Damares nega envolvimento e diz ter sido a própria responsável por acionar a CGU quando identificou irregularidades.
Contratos somam R$ 3,8 milhões
As investigações miram contratos firmados entre o ministério e o Instituto de Desenvolvimento Social e Humano do Brasil (INDSH), que somam cerca de R$ 3,8 milhões. Os recursos eram destinados a cursos de informática, design gráfico e formação profissional para mulheres e adolescentes.
Segundo a PF, há suspeita de que as aulas sequer tenham sido realizadas, levantando a hipótese de desvio de dinheiro público.
Damares tenta se blindar
Em nota, Damares afirmou que em 11 de fevereiro de 2022, quando ainda era ministra, encaminhou à CGU um ofício pedindo auditoria interna após detectar “indícios de irregularidades” nos contratos.
“Essa apuração foi provocada pela então ministra, que solicitou auditoria da CGU, após análise e mapeamento de riscos feitos pela equipe do ministério”, declarou a senadora.
A própria CGU confirmou que parte dos documentos que embasaram a operação foi enviada pelo ministério à época.
Polícia Federal cumpre mandados no Rio
Nesta fase da operação, a PF cumpriu dois mandados de busca e apreensão na zona oeste do Rio de Janeiro. O foco são contratos assinados entre o MMFDH e o INDSH, que, de acordo com a investigação, apresentam indícios de fraude.
O relatório produzido pela CGU detalha que os contratos tinham como objetivo promover cursos de capacitação, mas não há comprovação de que as atividades foram efetivamente realizadas.
Caso reforça suspeitas sobre gestão bolsonarista
A operação reacende o debate sobre a forma como recursos públicos foram administrados durante o governo Bolsonaro e coloca a atual senadora bolsonarista novamente sob os holofotes.
Enquanto a PF aprofunda as apurações, cresce a pressão política sobre Damares, que insiste em se apresentar como responsável por denunciar as irregularidades.

