O prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), admitiu nesta semana a possibilidade de decretar calamidade financeira no município — menos de dez meses após assumir o cargo. A decisão expõe o colapso orçamentário da capital mato-grossense e contradiz o discurso adotado pelo próprio prefeito, que recentemente afirmou que “Cuiabá não precisa do dinheiro do governo Lula”.
Desde o início da gestão, Abílio tem rejeitado receitas, empréstimos e programas de refinanciamento. A prefeitura abriu mão da taxa do lixo, cancelou o Refis — programa que permite a renegociação de dívidas municipais — e recusou um empréstimo de R$ 180 milhões já aprovado pela Câmara Municipal. O resultado é uma crise fiscal crescente, que ameaça o pagamento de servidores e a continuidade de serviços básicos ainda em 2025.
💰 Contradição e falta de planejamento
A postura de Abílio Brunini, ex-deputado bolsonarista e crítico do governo federal, foi classificada por especialistas em finanças públicas como “ideológica e imprudente”. O prefeito preferiu sustentar um discurso político contrário a Brasília em vez de garantir a sustentabilidade orçamentária de Cuiabá.
“Quando um gestor abre mão de receitas e créditos legalmente disponíveis, ele fragiliza a estrutura fiscal do município e transfere a conta para a população”, afirmou um economista ouvido pela reportagem.
Segundo apuração do Blog do Popó, mais de 200 trabalhadores da Limpurb foram demitidos nas últimas semanas, provocando acúmulo de lixo em vários bairros. A situação já é vista como um problema de saúde pública, agravado pela falta de investimento e pela paralisia administrativa.
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🧾 Impactos diretos da má gestão
O cancelamento do Refis e a recusa de empréstimos reduziram significativamente o fluxo de caixa do município. Segundo fontes internas da prefeitura, a arrecadação própria caiu cerca de 20% desde janeiro. A consequência imediata é o enfraquecimento da capacidade de investimento e a suspensão de obras e contratos.
A renúncia a fontes legítimas de arrecadação afeta diretamente a manutenção urbana, os programas sociais e o pagamento da folha de servidores. Internamente, há temor de atrasos salariais e interrupção de serviços essenciais.
Além disso, servidores denunciam que a eventual decretação de calamidade pode ser usada como instrumento político para justificar erros de gestão e flexibilizar gastos emergenciais sem transparência, repetindo práticas já condenadas por tribunais de contas em outras administrações.
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⚠️ Cuiabá em risco de colapso
A situação financeira de Cuiabá coloca em xeque a estratégia populista e ideológica de Abílio Brunini. Ao privilegiar embates políticos e discursos bolsonaristas, o prefeito se distancia da realidade fiscal e compromete a estabilidade do município.
Caso confirme o decreto de calamidade financeira, Brunini deverá enfrentar resistência na Câmara Municipal, pressão dos órgãos de controle e críticas do funcionalismo público, que já cobra explicações sobre o desaparecimento de verbas destinadas a áreas prioritárias.
A crise em Cuiabá simboliza os efeitos de uma gestão baseada em retórica e improviso, em vez de planejamento técnico e responsabilidade fiscal — um cenário que ameaça não apenas a capital, mas também a credibilidade política do PL no estado de Mato Grosso.

