Brasília – O inquérito contra Eduardo Bolsonaro por articulações golpistas no exterior será relatado por ninguém menos que Alexandre de Moraes, o pesadelo jurídico da família Bolsonaro. A designação foi feita nesta segunda-feira, 26 de maio, por Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).
O caso diz respeito à investida internacional do “03”, que há meses flerta com parlamentares trumpistas para tentar sabotar o Judiciário brasileiro com sanções estrangeiras. O pedido de abertura de investigação foi feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que enxerga claros indícios de coação no curso de processo e obstrução de justiça.
O ministro Moraes já decretou sigilo total sobre o inquérito. Mas as motivações e os riscos institucionais envolvidos são públicos – e gravíssimos.
Moraes x Clã Bolsonaro: round infinito
Segundo o documento enviado ao STF, o atual procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirma que Eduardo busca “sanções internacionais a membros do Poder Judiciário” para interferir diretamente nos processos criminais envolvendo seu pai, Jair Bolsonaro, incluindo a ação penal por tentativa de golpe em andamento na Corte.
Em bom português: o deputado licenciado atua como lobista da extrema-direita internacional para constranger e punir autoridades brasileiras que ousaram responsabilizar o ex-presidente pelos crimes de 8 de janeiro.
Pior: o próprio Jair confessou que financia a estadia do filho nos EUA, o que, para a PGR, revela benefício direto com potencial interesse criminoso.
Campanha internacional golpista
O esquema de Eduardo não é improvisado. O parlamentar bolsonarista estreitou laços com republicanos trumpistas, como Marco Rubio, que recentemente ameaçou o Brasil com “retaliações” caso Moraes continue sua cruzada contra a extrema-direita.
Em entrevistas e postagens, Eduardo acusa Moraes de censura e exige sanções dos EUA por supostas “violações à liberdade de expressão” – a retórica típica de quem usa a liberdade para tentar destruir a democracia.
Para Gonet, essas declarações compõem um “manifesto de tom intimidatório” contra investigadores e magistrados. Um blefe diplomático que, se não for contido, pode virar um precedente de ingerência externa nas instituições brasileiras.
STF quer ouvir Bolsonaro
No pedido de investigação, a PGR ainda solicita que o STF convoque Jair Bolsonaro para prestar depoimento sobre o papel do filho em solo americano. O objetivo é deixar claro se as ações de Eduardo fazem parte de uma operação coordenada de sabotagem às investigações brasileiras.
Em sua nota, Gonet frisa que a permanência de Eduardo nos EUA é custeada com dinheiro do próprio Jair, o que, na prática, transforma o ex-presidente em patrocinador de uma campanha internacional contra o STF.
O Carioca esclarece:
Quem é investigado no inquérito contra Eduardo Bolsonaro?
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por articulações com parlamentares e autoridades dos EUA para interferir nos processos judiciais que envolvem seu pai, Jair Bolsonaro.
Por que o STF considera grave a conduta de Eduardo Bolsonaro?
Porque ele tenta envolver uma potência estrangeira (EUA) para intimidar magistrados brasileiros e afetar a independência do Judiciário – uma ameaça direta à soberania nacional.
Qual o papel de Alexandre de Moraes no inquérito?
Ele será o relator do inquérito no STF, conduzindo os desdobramentos da investigação e decisões sobre medidas judiciais, inclusive eventuais sanções ao investigado.
Como esse caso afeta a democracia brasileira?
Ao tentar internacionalizar o golpismo, Eduardo Bolsonaro põe em risco a autonomia das instituições brasileiras e flerta com um cenário de instabilidade institucional patrocinado pela extrema-direita global.

