Justiça em Foco

Alexandre de Moraes assume inquérito contra Eduardo Bolsonaro

Ministro do STF vai relatar investigação sobre as articulações golpistas do filho de Bolsonaro nos EUA; caso tramita sob sigilo e envolve obstrução de justiça.

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Alexandre de Moraes - Rosinei Coutinho/SCO/STF

Brasília – O inquérito contra Eduardo Bolsonaro por articulações golpistas no exterior será relatado por ninguém menos que Alexandre de Moraes, o pesadelo jurídico da família Bolsonaro. A designação foi feita nesta segunda-feira, 26 de maio, por Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).

O caso diz respeito à investida internacional do “03”, que há meses flerta com parlamentares trumpistas para tentar sabotar o Judiciário brasileiro com sanções estrangeiras. O pedido de abertura de investigação foi feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que enxerga claros indícios de coação no curso de processo e obstrução de justiça.

O ministro Moraes já decretou sigilo total sobre o inquérito. Mas as motivações e os riscos institucionais envolvidos são públicos – e gravíssimos.

Moraes x Clã Bolsonaro: round infinito

Segundo o documento enviado ao STF, o atual procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirma que Eduardo busca “sanções internacionais a membros do Poder Judiciário” para interferir diretamente nos processos criminais envolvendo seu pai, Jair Bolsonaro, incluindo a ação penal por tentativa de golpe em andamento na Corte.

Em bom português: o deputado licenciado atua como lobista da extrema-direita internacional para constranger e punir autoridades brasileiras que ousaram responsabilizar o ex-presidente pelos crimes de 8 de janeiro.

Pior: o próprio Jair confessou que financia a estadia do filho nos EUA, o que, para a PGR, revela benefício direto com potencial interesse criminoso.

Campanha internacional golpista

O esquema de Eduardo não é improvisado. O parlamentar bolsonarista estreitou laços com republicanos trumpistas, como Marco Rubio, que recentemente ameaçou o Brasil com “retaliações” caso Moraes continue sua cruzada contra a extrema-direita.

Em entrevistas e postagens, Eduardo acusa Moraes de censura e exige sanções dos EUA por supostas “violações à liberdade de expressão” – a retórica típica de quem usa a liberdade para tentar destruir a democracia.

Para Gonet, essas declarações compõem um “manifesto de tom intimidatório” contra investigadores e magistrados. Um blefe diplomático que, se não for contido, pode virar um precedente de ingerência externa nas instituições brasileiras.

STF quer ouvir Bolsonaro

No pedido de investigação, a PGR ainda solicita que o STF convoque Jair Bolsonaro para prestar depoimento sobre o papel do filho em solo americano. O objetivo é deixar claro se as ações de Eduardo fazem parte de uma operação coordenada de sabotagem às investigações brasileiras.

Em sua nota, Gonet frisa que a permanência de Eduardo nos EUA é custeada com dinheiro do próprio Jair, o que, na prática, transforma o ex-presidente em patrocinador de uma campanha internacional contra o STF.


O Carioca esclarece:

Quem é investigado no inquérito contra Eduardo Bolsonaro?
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por articulações com parlamentares e autoridades dos EUA para interferir nos processos judiciais que envolvem seu pai, Jair Bolsonaro.

Por que o STF considera grave a conduta de Eduardo Bolsonaro?
Porque ele tenta envolver uma potência estrangeira (EUA) para intimidar magistrados brasileiros e afetar a independência do Judiciário – uma ameaça direta à soberania nacional.

Qual o papel de Alexandre de Moraes no inquérito?
Ele será o relator do inquérito no STF, conduzindo os desdobramentos da investigação e decisões sobre medidas judiciais, inclusive eventuais sanções ao investigado.

Como esse caso afeta a democracia brasileira?
Ao tentar internacionalizar o golpismo, Eduardo Bolsonaro põe em risco a autonomia das instituições brasileiras e flerta com um cenário de instabilidade institucional patrocinado pela extrema-direita global.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.